O Estado deverá ficar sem os cirurgiões que trabalham na Unidade de Emergência do Agreste. Os médicos estão insatisfeitos com os salários baixos e com as péssimas condições de trabalho. Os especialistas estudam a possibilidade de criar uma cooperativa. Mas alguns não escondem o desejo de deixar definitivamente de trabalhar para o serviço público estadual, ou até mesmo de deixar Alagoas na busca de remuneração digna em outro lugar.
Nos últimos anos, a evasão de médicos na rede estadual de saúde tem se intensificado. Pedidos de demissão, antecipação de aposentadorias e recusa da permanência em postos de prestação de serviços ficaram mais freqüentes desde o início do atual governo, notadamente depois da greve de 2007.
“O governo firmou um compromisso que não honrou. O reajuste que foi concedido em longas parcelas foi retirado de uma única vez com a mudança no cálculo do adicional noturno. Para muitos médicos, a perda foi maior que o valor do reajuste. Além disso, o governo mentiu sobre o PCCS, engavetou o projeto e passou a investir pesado em propaganda enganosa sobre a saúde no Estado, tentando passar para a população a ideia de que tudo funciona bem. Isso tudo é lamentável. Nós temos vergonha desse governo”, comenta o presidente do Sinmed, Wellington Galvão.
Galvão voltou a denunciar que a falta de médicos tem feito com que os ambulatórios 24 horas da periferia (antigos minipronto socorros) cheguem a fechar durante os finais de semana, e que no HGE é comum ter fila de espera no centro cirúrgico por falta de médico para operar os pacientes que precisam de cirurgias de emergência.
Enquanto paga mal e submete os médicos a jornadas desumanas de trabalho (que associam excesso de demanda, falta de estrutura de atendimento e pouca gente para dar conta do serviço), o governo distribui ambulâncias com prefeituras do interior para trazer mais pacientes para o HGE. “As ambulâncias são usadas para trazer pacientes que vem de sua cidade para morrer aqui, simplesmente porque não existe estrutura humana e material para atender essa demanda”, diz Wellington.
Em campanha para se reeleger, o governador Téo Vilela já anunciou a distribuição de mais ambulâncias nas próximas semanas. “É a ambulanciaterapia, um projeto do governador para enganar a população e conquistar votos. Ninguém liga se os cirurgiões de Arapiraca ou os clínicos e pediatras do HGE se preparam para pedir demissão. A irresponsabilidade do governo é tão grande, o descaso coma saúde da população chegou a um nível tão absurdo, que esse tipo de assunto nem é discutido pelo governo”, finaliza o presidente do Sinmed.
Fonte:SINMED-AL
Fonte:SINMED-AL