O artigo foi publicado em 2007,no jornal Gazeta de Alagoas e aborda o tema relacionamento entre médicos e políticos. Por ser bem atual publico aqui no blog. Vale a pena a leitura e a meditação acerca de uma dura realidade em nosso Estado !
Emmanuel Fortes |
Emmanuel Fortes *
Não é de agora que lutamos contra um dos maiores males da medicina em Alagoas. Pasmem os senhores! Não está apenas na formação acadêmica, na precariedade das condições de trabalho e de salário, nem na relação médico-paciente. A raiz de muitos males está num outro ponto, crucial e esquecido nos debates acadêmicos, sindicais ou éticos. O mal está também na promíscua relação entre médicos, com raras exceções, e políticos.
O Código de Ética Médica veta a exploração da medicina para fins políticos ou de promoção pessoal. Também veta a exploração do trabalho do médico sob qualquer pretexto, mesmo os religiosos. Mas é praticamente impossível flagrar algum médico praticando o ilícito ético porque é tênue a fronteira entre o mau uso do poder e do prestígio do médico para construir clientelas que votarão em candidato a ou b e o da mera filantropia, presente na vida de muitos.
Também é difícil flagrar o próprio médico candidato nessa prática infame, pois dependemos de quem denuncie e muito raramente essas denúncias nos chegam. Chegamos a punir alguns, mas a maioria está em silenciosa cumplicidade com quem o explora, esperando usufruir no futuro de pequenos favores como um cargo de chefia, um credenciamento pelo SUS ou remoção de um lugar onde tenha de trabalhar para outro onde a complacência e o manto do chefe político o ampare.
Na década de 90 vimos acontecer concurso para os hospitais do interior de Alagoas e em pouco menos de um ano não ter mais nenhum médico nessas bases, superlotando de mão-de-obra inútil o Hospital José Carneiro entre outros. Todos que obtiveram essa transferência o fizeram por interferência de políticos.
Em seus projetos pessoais querem apenas usufruir dos favores prestados, aparecer como benfeitores da humanidade, caridosos, cheios de prestígio em hospitais, clínicas, laboratórios e centros de excelência assistencial. Brigam pelos cargos para colocar pessoas que vão apenas fazer a ponte entre suas necessidades de votos e o grande favor médico.
O médico que chega ao poder, com mandato ou não, costuma repetir, eu próprio já ouvi: “Não dependi de nenhum médico ou entidade médica para me eleger, portanto não devo nada a ninguém, pois dependi só de mim”. No mínimo traiu os colegas que o ajudaram com favores, se não achar que andou traindo o Código de Ética Médica sua vida inteira.
(*) É presidente do Conselho Regional de Medicina de Alagoas.
O Código de Ética Médica veta a exploração da medicina para fins políticos ou de promoção pessoal. Também veta a exploração do trabalho do médico sob qualquer pretexto, mesmo os religiosos. Mas é praticamente impossível flagrar algum médico praticando o ilícito ético porque é tênue a fronteira entre o mau uso do poder e do prestígio do médico para construir clientelas que votarão em candidato a ou b e o da mera filantropia, presente na vida de muitos.
Também é difícil flagrar o próprio médico candidato nessa prática infame, pois dependemos de quem denuncie e muito raramente essas denúncias nos chegam. Chegamos a punir alguns, mas a maioria está em silenciosa cumplicidade com quem o explora, esperando usufruir no futuro de pequenos favores como um cargo de chefia, um credenciamento pelo SUS ou remoção de um lugar onde tenha de trabalhar para outro onde a complacência e o manto do chefe político o ampare.
Na década de 90 vimos acontecer concurso para os hospitais do interior de Alagoas e em pouco menos de um ano não ter mais nenhum médico nessas bases, superlotando de mão-de-obra inútil o Hospital José Carneiro entre outros. Todos que obtiveram essa transferência o fizeram por interferência de políticos.
Em seus projetos pessoais querem apenas usufruir dos favores prestados, aparecer como benfeitores da humanidade, caridosos, cheios de prestígio em hospitais, clínicas, laboratórios e centros de excelência assistencial. Brigam pelos cargos para colocar pessoas que vão apenas fazer a ponte entre suas necessidades de votos e o grande favor médico.
O médico que chega ao poder, com mandato ou não, costuma repetir, eu próprio já ouvi: “Não dependi de nenhum médico ou entidade médica para me eleger, portanto não devo nada a ninguém, pois dependi só de mim”. No mínimo traiu os colegas que o ajudaram com favores, se não achar que andou traindo o Código de Ética Médica sua vida inteira.
(*) É presidente do Conselho Regional de Medicina de Alagoas.