E-mail recebido em 02 de abril de 2010, do Dr. Celso Tavares:
1) O dengue afeta todos os órgãos do corpo humano. Assim sendo, o dengue causa meningite, encefalite, insuficiência renal, insuficiência hepática, insuficiência cardíaca e tudo o que pudermos imaginar.
2) A maioria das pessoas picadas por mosquitos infectados vai apresentar infecções assintomáticas (o cidadão nada sente e só descobriremos se foi picada se a submetermos a exames) e quadros oligossintomáticos (o paciente tem febre baixa, uma molezinha e não lembra aquilo que conhecemos como dengue).Essa formas correspondem a cerca de 85% das infecções.
3) Uns 10%, ou um pouco mais, têm o dengue clássico (aquele do nosso cotidiano): a primeira fase da doença dura em torno de três dias. O paciente apresenta febre alta repentina, que se mantém elevada mesmo com o uso de dipirona e paracetamol. As manifestações mais comuns são cefaléia, dor retro-orbicular (“dor no caroço do olho”), dores nos músculos e nas juntas, moleza intensa e “pintas” no corpo. Nessa fase é impossível saber quem vai se recuperar ou evoluir para o dengue hemorrágico. A maioria dos pacientes permanece doente por quatro a sete dias e recupera-se plenamente, mas a convalescença pode se arrastar por até seis meses (síndrome da fadiga crônica).
O paciente deve ser visto a cada 48 horas por seu médico. Esse período deve ser reduzido para 24 horas se o paciente apresentar FATORES DE RISCO, pois necessitam de uma atenção mais rigorosa, uma vez que têm uma probabilidade maior de apresentarem formas graves da doença: 1) doenças crônicas do coração e dos rins, asma brônquica, diabetes mellitus, anemia falciforme, alergias, artrite reumatóide, hipertensão e doenças auto-imunes; 2) úlceras gástrica e duodenal e 3) uso de medicamentos como o AAS, os antiinflamatórios, anticoagulantes e aqueles que agem sobre as plaquetas e 3) gestantes, menores de 18 anos e idosos.
4) Uns poucos vão apresentar o dengue hemorrágico e menos ainda a síndrome do choque, essa responsável por a maioria das mortes. A partir do final do segundo dia, apresentam uma piora do quadro e desenvolvem o que se chama SINAIS DE ALARME: 1) diminuição brusca da febre (de 39 para 36º C, por exemplo), com o paciente sentindo-se mal; 2) vômitos frequentes e volumosos; 3) dor severa e contínua na barriga e 4) sonolência e/ou irritabilidade. Quando surge um sinal de alarme o paciente deve ser internado imediatamente, pois eles significam que a pessoa pode morrer nas próximas 24 a 48 horas.
Na verdade, temos SINAIS DE ALARME, pois quando eles surgem os fenômenos que podem levar à morte já estão ocorrendo. Os sinais de alerta, como ainda consta em alguns documentos, seriam a presença de mosquitos e de pessoas febris - eles nos deixariam em alerta, na expectativa do que pode vir a ocorrer. Os SINAIS DE ALARME, não. Quando eles surgem, a natureza está nos "informando" que aquela pessoa pode vir a morrer se não for internada imediatamente e devidamente hidratada com solução fisiológica ou Ringer Lactato.
Os SINAIS DE ALARME são preditores do choque. As outras manifestações constantes no Manual (hipotensão, hemorragias severas etc) ocorrem após esses quatro SINAIS e indicam que que já há uma instabilidade hemodinâmica mais severa, pondo a vida do paciente sob risco, o que poderia ser evitado se os QUATRO SINAIS DE ALARME forem devidamente considerados e detectados.
Há, ainda, os SINAIS DE ALARME LABORATORIAIS: 1) aumento progressivo do hematócrito; 2) redução progressiva das plaquetas e 3) espessamento das paredes da vesícula biliar.
5) Para evitar as picadas, os aparelhos que emitem untrassom não funcionam e os espirais e similares têm efeitos discutíveis. Os sprays "que matam o mosquito da dengue" são mais perigosos que a própria doença, pois podem afetar a medula óssea, causando aplasia e outros problemas hematológicos graves.
6) Em Alagoas, até prova em contrário, toda doença febril aguda PODE ser dengue e a diferença entre a vida e a morte é tratar o SUSPEITO com uma hidratação rigorosa e abundante (80 ml/kg).
1) O dengue afeta todos os órgãos do corpo humano. Assim sendo, o dengue causa meningite, encefalite, insuficiência renal, insuficiência hepática, insuficiência cardíaca e tudo o que pudermos imaginar.
2) A maioria das pessoas picadas por mosquitos infectados vai apresentar infecções assintomáticas (o cidadão nada sente e só descobriremos se foi picada se a submetermos a exames) e quadros oligossintomáticos (o paciente tem febre baixa, uma molezinha e não lembra aquilo que conhecemos como dengue).Essa formas correspondem a cerca de 85% das infecções.
3) Uns 10%, ou um pouco mais, têm o dengue clássico (aquele do nosso cotidiano): a primeira fase da doença dura em torno de três dias. O paciente apresenta febre alta repentina, que se mantém elevada mesmo com o uso de dipirona e paracetamol. As manifestações mais comuns são cefaléia, dor retro-orbicular (“dor no caroço do olho”), dores nos músculos e nas juntas, moleza intensa e “pintas” no corpo. Nessa fase é impossível saber quem vai se recuperar ou evoluir para o dengue hemorrágico. A maioria dos pacientes permanece doente por quatro a sete dias e recupera-se plenamente, mas a convalescença pode se arrastar por até seis meses (síndrome da fadiga crônica).
O paciente deve ser visto a cada 48 horas por seu médico. Esse período deve ser reduzido para 24 horas se o paciente apresentar FATORES DE RISCO, pois necessitam de uma atenção mais rigorosa, uma vez que têm uma probabilidade maior de apresentarem formas graves da doença: 1) doenças crônicas do coração e dos rins, asma brônquica, diabetes mellitus, anemia falciforme, alergias, artrite reumatóide, hipertensão e doenças auto-imunes; 2) úlceras gástrica e duodenal e 3) uso de medicamentos como o AAS, os antiinflamatórios, anticoagulantes e aqueles que agem sobre as plaquetas e 3) gestantes, menores de 18 anos e idosos.
4) Uns poucos vão apresentar o dengue hemorrágico e menos ainda a síndrome do choque, essa responsável por a maioria das mortes. A partir do final do segundo dia, apresentam uma piora do quadro e desenvolvem o que se chama SINAIS DE ALARME: 1) diminuição brusca da febre (de 39 para 36º C, por exemplo), com o paciente sentindo-se mal; 2) vômitos frequentes e volumosos; 3) dor severa e contínua na barriga e 4) sonolência e/ou irritabilidade. Quando surge um sinal de alarme o paciente deve ser internado imediatamente, pois eles significam que a pessoa pode morrer nas próximas 24 a 48 horas.
Na verdade, temos SINAIS DE ALARME, pois quando eles surgem os fenômenos que podem levar à morte já estão ocorrendo. Os sinais de alerta, como ainda consta em alguns documentos, seriam a presença de mosquitos e de pessoas febris - eles nos deixariam em alerta, na expectativa do que pode vir a ocorrer. Os SINAIS DE ALARME, não. Quando eles surgem, a natureza está nos "informando" que aquela pessoa pode vir a morrer se não for internada imediatamente e devidamente hidratada com solução fisiológica ou Ringer Lactato.
Os SINAIS DE ALARME são preditores do choque. As outras manifestações constantes no Manual (hipotensão, hemorragias severas etc) ocorrem após esses quatro SINAIS e indicam que que já há uma instabilidade hemodinâmica mais severa, pondo a vida do paciente sob risco, o que poderia ser evitado se os QUATRO SINAIS DE ALARME forem devidamente considerados e detectados.
Há, ainda, os SINAIS DE ALARME LABORATORIAIS: 1) aumento progressivo do hematócrito; 2) redução progressiva das plaquetas e 3) espessamento das paredes da vesícula biliar.
5) Para evitar as picadas, os aparelhos que emitem untrassom não funcionam e os espirais e similares têm efeitos discutíveis. Os sprays "que matam o mosquito da dengue" são mais perigosos que a própria doença, pois podem afetar a medula óssea, causando aplasia e outros problemas hematológicos graves.
6) Em Alagoas, até prova em contrário, toda doença febril aguda PODE ser dengue e a diferença entre a vida e a morte é tratar o SUSPEITO com uma hidratação rigorosa e abundante (80 ml/kg).
Um grande abraço,
Celso
Leia também :Metáfora, Dengue, Alagoas, artigo do Dr. Celso Tavares publicado em 20 de abril de 2008 e o PLANO ESTADUAL DE CONTINGÊNCIA PARA O ENFRENTAMENTO DE EPIDEMIA DA FEBRE HEMORRÁGICA DA DENGUE (FHD).
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Dr. Celso Tavares Infectologista do antigo(Hospital de Doenças Tropicais) hoje Hospital Escola Dr. Hélvio Auto em Maceió-Al,Professor Adjunto IV da Faculdade de Medicina /UFAL,Assessor Técnico da SESAU ,Mestre pela FSP/USP e Doutor pelo CPaAM/FIOCRUZ