Ao
contrário do que diz a Secretaria de Saúde, que enxerga motivação
política na saída dos médicos da Unidade de Emergência do Agreste, o que
afastou os médicos do hospital foram os baixos salários e a falta de
condições éticas de trabalho.
Além disso, os médicos não pediram demissão, como foi noticiado. Eles
não tem nem esse direito, pois são contratados clandestinamente, sem
concurso público, não tendo, portanto, qualquer vínculo empregatício com
o Estado.
Em Alagoas, médico que trabalha como prestador de serviço não tem nem
contrato formal. É tudo de boca: algum diretor de hospital faz o
convite, oferece um salário que o governo não pretende pagar, além de
condições de trabalho. Quando começa a trabalhar o médico percebe que
foi enganado, que está sendo explorado, mas termina ficando por conta da
falta de médicos e das necessidades da população.
"Mas tem uma hora que não dá mais para aguentar. É muito trabalho e
nenhum respeito por parte dos gestores. Os médicos são explorados ao
extremo, trabalham sem condições, se arriscando a um processo ético
devido às mortes que ocorrem por falta de condições de trabalho. Ninguém
quer isso. O prestador de serviço está saindo porque pode. Os
concursados, que são igualmente explorados, ficam se segurando porque
ainda têm um vínculo com o Estado", explica o presidente do Sinmed,
Wellington Galvão.
Segundo ele, os médicos agem motivados por questões éticas e de
sobrevivência. E se alguém está tentando tirar proveito político da
situação é justamente o governo. "Denunciamos a falta de médicos, a
falta de condições de trabalho, a superlotação, quebra de equipamentos,
desabastecimento e outros problemas ao longo de toda a gestão do atual
governador. Então, eles não podem acusar os médicos de estarem agindo
com interesse político. O governo é que não teve interesse de resolver,
ou pelo menos minimizar o caos da saúde nesses últimos quatro anos",
disse.
Fonte
Ascom Sinmed