Os médicos prestadores de serviços do HGE e da UE do Agreste querem negociar com o governador do Estado. Profissionais das áreas de cirurgia geral, terapia intensiva, anestesiologia, cirurgia vascular e pediatria, entre outras especialidades, estão insatisfeitos, tentam deixar o Estado, mas foram informados pela Sesau que não podem sair das escalas de plantão. Esses médicos, vale lembrar, não possuem vínculo empregatício com o Estado. Mas sempre que tentam deixar os hospitais onde atuam são ameaçados pelos gestores com sanções administrativas e judiciais.
“Alguém precisa informar aos gestores que não existe mais escravidão neste País. Mas os médicos prestadores de serviços, que não possuem vínculo oficial com o Estado, estão sendo obrigados a trabalhar. O governo não cumpre os acordos salariais feitos com os especialistas de diversas áreas, mas exige que eles cumpram as escalas de plantão e fazem ameaças escabrosas. Isso não existe. É um tipo de absurdo que só acontece em Alagoas”, afirma o presidente do Sinmed, Wellington Galvão.
O Sindicato foi procurado por médicos prestadores de serviços que pediram que fosse mediado um encontro com o governador Teotonio Vilela Filho. Ocorre que só quem pode marcar essa audiência é o próprio governador. “O Sinmed concorda em participar, e até gostaria de negociar diretamente com o governador, sem intermediários, para falar da real situação do médico da rede estadual, que talvez ele desconheça”, diz Wellington.
Para ele, o governador teria uma forma legal de resolver todos os problemas que resultam da falta de médicos na rede estadual: implantando o PCCV da categoria e realizando concurso público. Com os salários atuais, segundo Wellington, não adianta realizar concurso. Estados vizinhos estão pagando melhor e atraindo médicos de Alagoas. A Secretaria da Saúde de Pernambuco ainda está chamando médicos aprovados em várias especialidades, e os alagoanos aprovados de espera estão atendendo às convocações.
Em Pernambuco, o salário mais baixo é três vezes maior que o pago em Alagoas. O Estado paga mais de R$ 6 mil por 24 horas semanais para médicos concursados, efetivos, que têm assegurados todos os direitos trabalhistas previstos em lei. Por que um médico vai preferir trabalhar como prestador de serviços em Alagoas, sem nenhum direito trabalhista, sem condições éticas de trabalho e recebendo a metade do salário combinado, se pode ir para o estado vizinho, sendo valorizado profissionalmente?
EVASÃO - A recente onda de evasão de médicos prestadores de serviços da rede pública de Alagoas se deve em grande parte à convocação para trabalhar em Pernambuco. E isso ocorre também com médicos efetivos da Sesau. Como o Estado de Alagoas paga mal e não oferece condições éticas de trabalho, os médicos começaram a fazer concursos para outros estados. Muitos profissionais que atuavam em Alagoas foram aprovados no último concurso da Secretaria de Saúde de Pernambuco. À medida que foram sendo convocados foram deixando de trabalhar em Alagoas.
Entre esses profissionais estão especialistas de diversas áreas, desde cirurgia geral à terapia intensiva neonatal. Os que ainda não foram convocados aguardam ansiosos, e deverão ser chamados em breve porque Pernambuco está abrindo várias UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) e precisando de médicos.
Enquanto isso, os gestores alagoanos têm a cada dia mais dificuldade para fechar as escalas do HGE, UE do Agreste e Ambulatórios 24 horas. Os cirurgiões que prestam serviços na UE do Agreste deram novo prazo ao governo para resolver a questão salarial, mas garantem que encerram a participação nas escalas hoje, e só retornam se suas reivindicações salariais forem atendidas. Em várias especialidades, como anestesiologia, por exemplo, vai faltar médico no HGE durante os plantões de Natal e Ano Novo. Os gestores sabem disso há um mês, mas ainda não fizeram nada para resolver o problema.
FELIZ NATAL!
A diretoria e os funcionários do Sinmed desejam a todos os médicos,
seus familiares e aos alagoanos em geral um Natal Feliz, de muita
Paz e de Fé que dias melhores estão por vir.