Complexo hospitalar vira elefante adormecido em Santa Helena(Vídeo)
A rotina dos 658 funcionários do Hospital de Urgência do Sudoeste de Goiás, em Santa Helena, a 200 quilômetros da capital, é curiosa. Todos os dias, vários deles pedem licença à segurança para assinar o ponto e batem em retirada. A unidade foi inaugurada com festa em dezembro, "pronta para funcionar", como bradou na comemoração o ex-governador Alcides Rodrigues (PP).
A estrutura está pronta, mas até hoje ninguém foi atendido. O hospital, que custou R$ 24 milhões, mostra que o desperdício na saúde não se limita aos procedimentos escusos nas transferências legais, mas avança sobre todo o sistema. A obra não passa de um gigantesco complexo hospitalar abandonado, recheado de equipamentos de última geração ociosos.
- É revoltante. Dá vontade de chorar. As pessoas chegam de longe achando que vai ter atendimento - diz um dos seguranças, que pediu para não ser identificado.
Governo de Goiás constrói hospital, mas não abre para o público
O ex-governador fez a obra suntuosa em sua terra natal e na cidade onde a prefeita é a mulher dele, Raquel Vieira Rodrigues (PP). Rodrigues decidiu transformar Santa Helena em um polo de atendimento de média e alta complexidade para 500 mil moradores de 27 cidades do sul de Goiás, com capacidade para 5.400 atendimentos/mês e 122 leitos. Porém, o novo governo, comandado por Marconi Perillo (PSDB) - antigo aliado e, agora, desafeto de Rodrigues -, já deixou claro que, se pudesse, não abriria o hospital na cidade. Entre os gestores atuais, cada um tem uma versão para o elefante adormecido.
Secretário de Saúde critica localização do hospital
O secretário de Saúde, Antonio Faleiros, alega que o contrato tem "erros grosseiros". A obra e a contratação do pessoal também teriam sido irregulares.
- Ele (hospital) foi feito pura e simplesmente por ser na cidade do governador. Não tem nenhuma característica regional naquela cidade. O fluxo de estradas, o tamanho da cidade... Rio Verde (a 45km de Santa Helena) é muito mais central. Eu não faria em Santa Helena - diz Faleiros.
Já o diretor da unidade, Reginaldo Costa Biffe, afirma que o problema é bem mais simples:
- O que está atrapalhando é o processo (de contratação) em relação aos estatutários. É a única situação que nós temos que aguardar para definir e marcar a data - afirmou.
Por tudo isso, "só Deus sabe" quando vai abrir, como diz outra funcionária da portentosa unidade. Além do tomógrafo de última geração, dos aparelhos de raios-X e dos 18 leitos de UTI inutilizados, a bateria das duas UTIs móveis paradas já descarregou por falta de uso. Agora, o secretário faz estimativas sobre a inauguração de verdade.
- Acho que em três meses dá para fazer essas adequações e colocá-lo em funcionamento - promete.
O hospital que funciona, de verdade, fica ao lado do que está fechado. É o Hospital Municipal de Santa Helena, que não dá conta de atender todo mundo e, para evitar a morte dos pacientes graves, transfere-os para Goiânia. No Municipal, a rotina é a dor. Como não há respirador, o oxigênio sai diretamente da "bala" (cilindro) para o pulmão dos pacientes. Não há um desfibrilador externo.
- Este mês, perdemos um paciente na estrada. Aqui não vai ter UPA (Unidade de Pronto Atendimento) por causa desse hospital que não funciona. Falta quase tudo aqui -- lamenta a enfermeira Lorraine Gomes.
O desperdício de dinheiro não é exclusividade de Goiás e pipoca pelo Brasil inteiro. Em Teresina, por exemplo, o Hospital Universitário da Universidade Federal do Piauí, pago pelo Ministério da Educação, está sendo construído há mais de 20 anos, mas a obra continua incompleta e inacessível até mesmo aos estudantes. Nem o Ministério Público sabe quanto já se gastou por lá.
- Não sei se é improbidade administrativa, não sei se é incompetência. Creio que falta de verba não seja - opina Anderson Lopes, estudante de Ciência de Computação, de partida para o saturado hospital municipal, onde vai pegar um atestado de educação física.
Quando tudo começou!
O governador Alcides Rodrigues inaugura hoje o Hospital de Urgências da Região Sudoeste
Por intermédio da Secretaria da Saúde do Estado de Goiás (SES-GO) o governador Alcides Rodrigues inaugura hoje, dia 29 de dezembro, às 9h30, o Hospital de Urgências da Região Sudoeste (HURS), construído nessa gestão em um terreno de 20.712,80 m².
A unidade atenderá às demandas de assistência de 27 municípios, numa cobertura de mais de 538 mil habitantes da região. Executada pela Agência Goiana de Obras Públicas (Agetop) a obra física tem 5.881,87 metros quadrados, edificada com recursos do Tesouro Estadual com um custo estimado em torno de 12 milhões de reais.
O evento contará com a participação do governador do Estado, Alcides Rodrigues, da prefeita de Santa Helena de Goiás, Raquel Rodrigues e da titular da SES, Irani Ribeiro de Moura, dentre outras autoridades.
“O Hospital de Urgências da Região Sudoeste é um hospital público de alta tecnologia e que conta com corpo profissional qualificado. A população da região sudoeste terá uma unidade 100% SUS, de qualidade e com perfil de urgência/emergência. Essa inauguração representa a concretização da descentralização da assistência, fortalecendo uma gestão humanizada e sobretudo participativa”, afirma Irani Ribeiro.
Com um perfil de atendimento direcionado a urgência, como traumatologia, ortopedia, cirurgia geral, neurologia e demais urgências, o hospital está estruturado com 123 leitos, dos quais 20 da Unidade de Terapia Intensiva (UTI), sendo dez adultos, dez pediátricos e outros 18 leitos de observação. No local também serão disponibilizados exames de média e alta complexidade, como ultrassonografia, tomografia, eletrocardiograma, radiologia convencional e de laboratório clínico
Para a unidade foram adquiridos equipamentos de última geração como tomógrafos de seis cortes, aparelhos de raio-x, de ultrassonografia cardiológica, desfibriladores, respiradores eletrônicos, monitores cardíacos, incubadora neonatal, estufas bacteriológicas, autoclaves, termodesinfectora, lavadora, secadora, centrífuga, mobiliário administrativo, macas hospitalares, camas, carrinhos de anestesia e aparelhagem para laboratório. O investimento total em equipamentos foi da ordem de R$ 12 milhões.
Segundo o superintendente de Planejamento da SES-GO, Dante Garcia de Paula, a gestão do hospital é municipal e a gerencia é estadual. O modelo hospitalar da Unidade é o de Organização Social (OS), como o aplicado no Hospital de Urgências de Anápolis (Huana), considerado pela SES-GO eficaz na atenção às urgências e emergências. “É de responsabilidade do município a oferta de serviços para a região seguindo as normas do Sistema Único de Saúde (SUS), a regulação do sistema e a disponibilização de vagas”, explica Dante.
O custeio da unidade, de acordo com Dante Garcia, será feito pela SES, com contrapartida do Ministério da Saúde - por meio do sistema de faturamento - e os municípios entrarão com os recursos federais programados através de pactuações intermunicipais.
Profissionais
Quanto aos recursos humanos direcionados ao atendimento da unidade, parte foi advinda do concurso realizado pela SES-GO, que já nomeou 744 profissionais, dos quais 594 já tomaram posse. “O hospital será inaugurado com condições de iniciar suas atividades, oferecendo atendimentos clínicos e cirúrgicos voltados principalmente a traumas e contendo todo suporte de exames”, garante o superintendente.
Toda a área física já foi concluída pela Agetop e os equipamentos foram adquiridos pela SES-GO, sendo que o funcionamento do HURS é de responsabilidade da empresa Pró-saúde que irá apresentar à população da região sudoeste um cronograma de funcionamento do Hospital, até que seja atingida a sua capacidade total de instalação. A SES-GO firmou contrato de gestão com a Pró-saúde da ordem R$ 3 milhões e 150 mil, para a cobertura de 100% das metas pactuadas. “Cabe também à Pró-saúde a complementação de RH, a dotação da unidade de insumos e os demais materiais necessários ao funcionamento”, explica Dante Garcia.
Os diretores do Hospital de Santa Helena são: Reginaldo Costa Biffe (geral), Andréa Preste (administrativo-financeiro) e Margareth Senna.
Municípios cobertos pelo HURS:
Rio Verde, Acreúna, Aparecida do Rio Doce, Cachoeira Alta, Caçu, Castelândia, Itajá, Itarumã, Lagoa Santa, Maurilândia, Montividiu, Paranaiguara, Quirinópolis, Santa Helena de Goiás, Santo Antônio da Barra, São Simão, Turvelândia, Jataí, Aporé, Caiapônia, Chapadão do Ceú, Doverlândia, Mineiros, Perolândia, Portelândia, Santa Rita do Araguaia, Serranópolis.
HURS em números
Área total: 20.712,80 m²
Área física: 5.881,87 m²
Área de cobertura: 27 municípios - mais de 538 mil habitantes
Obra: edificada com recursos do Tesouro Estadual da ordem de 12 milhões de reais
Equipamentos: investimento em torno de R$ 12 milhões
Ampliação de leitos: 123 novos leitos, dos quais 20 da Unidade de Terapia Intensiva (UTI), sendo dez adultos, dez pediátricos e outros 18 leitos de observação
Fonte: SES-GO
Alguem sabe quantos classificados eles ja convocaram??? o que o MP decidiu? essas 860 vagas que serão convocadas até dez de 2011 sãp pra q cargo? nossa que confusão...
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