Esta é uma expressão que ouvia muito do meu velho e saudoso sogro desembargador Luis Sousa. E para mim literalmente esta semana foi arrasadora e dolorida. Comecei perdendo o amigo Geraldo Sampaio.
Muito mais que um amigo, uma pessoa que tinha morada em meu coração. Conheci Geraldo eu ainda menino ele já político. Seu pai, o “velho cacique” Juca Sampaio, era assim uma espécie pai para mim.
Foram muitos anos de convivência, de atenções recíprocas e apoio incondicional. Divergimos muitas vezes na política, mas mesmo nessas ocasiões estávamos ligados, trocando idéias e cada um respeitando a posição do outro. Nossa ligação era tanta que os seus filhos chamam-me de Pedro Sampaio, numa referencia a influência do velho Juca Sampaio em minha vida. Geraldo era acima de tudo um homem bom, cujas ações estavam sempre pautada no companheirismo, na dignidade e principalmente do interesse público. Recentemente chamou-me em sua casa e perguntou-me se eu estaria disposto a escrever sua biografia? Respondi-lhe que sim. Vou cumprir minha promessa.
A outra perda foi ainda maior. Perdi um pedaço de mim mesmo. Inesperadamente, em um golpe arrebatador o destino leva para sempre não apenas o cunhado, o companheiro, o primo, mas o melhor amigo, alguém que completava minha vida. Sinto-me completamente órfão.
Estive com ele em companhia de sua irmã Meg até tarde na noite que antecedeu a sua morte.
Conversamos sobre tudo e acertamos sua ida para São Paulo onde procuraria uma medicina mais avançada, já que as coisas aqui em Maceió os rumos não nos agradavam. Estava bem aparentemente, sorriu de minhas irreverências. Despedimos-nos, sem saber que seria a ultima vez que o via em vida. Na madrugada recebemos o telefonema que nos conduziria ao desespero: Abilio havia falecido.
Abilio foi, em vida, um ser superior. Um homem que tinha como lema a lealdade, a ponderação, a disposição para servir ou outro e a brava coragem de lutar por seus ideais. Foi muitas vezes incompreendido e forçado entrou para a política, o que não lhe fez bem. Conheceu o lado podre da vida e sofreu as conseqüências de suas práticas correntes: a traição, a palavra não cumprida, a arrogância, e o jogo sujo. Nada disso o contaminou, mas saiu profundamente magoado da cena política. Decepcionou-se muito mais com aliados do que com adversários. Há poucos dias me dizia: “Se pensam que me terão de volta a qualquer cena política vão quebrar a cara. Esta minha fase está encerrada definitivamente”.
Nesta ocasião fez um profundo e magoado desabafo e me reafirmava o quanto estava decepcionado. Dei-lhe completa razão e tratamos de planos para o futuro. Planos de trabalho sério nos quais não cabe a política. Acordo hoje cedo e me dou conta de que não tenho mais Abílio com a gente, apenas sua irmã Meg ao meu lado chorando juntos uma perda irreparável. É o imponderável da vida, seja feita a vontade de Deus!
Artigo do Jornalista Pedro Oliveira(Resumo Político,Tudo Global)