Estado desencadeia ação de combate a hantavirose na região Norte do Estado
A Secretaria Estado de Saúde (Ses) desencadeia ação estratégica na investigação detecção e mapeamento da doença transmitida pelo rato, a hantavirose, no Norte de Mato Grosso. Os técnicos da Vigilância Ambiental e da Vigilância Epidemiológica, seguindo orientação do já chamado “Plano de Trabalho de Hantavirose de Mato Grosso”, visitaram o município de União do Sul, num planejamento piloto que foi coroado de êxito e que, agora, se estenderá em todo o Estado priorizando as regiões produtoras de grãos e com ocorrência de casos.
A Saúde passa a atuar, este mês, no município de Guarantã do Norte. “Os técnicos visitam locais prováveis de infecção e verificam as condições higiênico-sanitárias das fazendas, dos sítios, principalmente aqueles que armazenam grãos como o milho, arroz, soja, feijão. E também é verificado, se há ou não aumento populacional do rato transmissor da hantavirose”, disse a coordenadora de Vigilância Ambiental, Vera Lucia Dias Lopes.
Conforme a coordenadora de Vigilância Ambiental, Vera Lúcia Dias Lopes, um dos objetivos é repassar informações sobre as formas de prevenção da doença, coleta de material, notificação do Sistema de Informações de Agravos de Notificação (Sinan), bem como sobre a importância de se usar adequadamente os equipamentos de proteção individual (máscaras, luvas e botas) bem como técnicas simples e de limpeza nas áreas próximas ao armazenamento dos grãos, que evitam a entrada do roedor.
De acordo com os dados da Superintendência de Saúde Coletiva, em Mato Grosso existe registro de 45 casos da doença. O primeiro registro ocorreu no ano de 1999. No ano de 2004 foram registrados nove casos e este ano três casos, com grande incidência na região do Médio-Norte pela sua característica agrícola, sendo todos os casos registrados provenientes da zona rural. O ano de 2002 foi o de maior ocorrências registradas, de com 13 casos, sendo 61,5% de cura.
Trabalhadores e produtores rurais também estão sendo orientados sobre a forma adequada de desinfecção do local. Conforme Vera Lúcia, a descontaminação deve ser feita utilizando um litro de hipoclorito de sódio em 10 litros de água. O ideal é que a borrifação seja feita com bombas costais.
Conforme a superintendente adjunta de Saúde Coletiva, Moema Blatt, outras medidas de prevenção importantes que devem ser tomadas são: armazenar insumos agrícolas e outros objetos em galpões distantes pelo menos 30 metros do domicílio e em estrados de 40 centímetros de altura do solo, limpar galpões, eliminar tudo que possa servir de ninhos ou tocas de ratos, evitar entulhos, o plantio deve obedecer a uma distância mínima de 30 metros do domicílio, manter as rações dos animais fora de casa e protegida dos ratos, entre outras ações de prevenção.
A hantavirose é uma infecção provocada por um vírus que, no Brasil, se hospeda em ratos silvestres. O vírus se encontra nas fezes, urina e saliva desses animais, e quando em contato com o homem a infecção ataca primeiramente os pulmões, que ficam inchados e cheios de água. “Diagnosticado rapidamente a doença tem cura. E são essas as informações que estamos repassando aos produtores e também à população dos municípios que vivem da produção agrícola. O rato existe. Se identificado e tomadas as medidas preventivas as vidas são salvas”, explicou Moema Blatt.Porém a melhor forma de prevenção é seguir as orientações. Não existe um remédio específico que combata a hantavirose, nem uma vacina que possa ser aplicada como prevenção da doença. Estatísticas mostram que praticamente metade dos pacientes que contraem a infecção morre. A sobrevivência depende da resistência do organismo de cada um e do atendimento precoce.
As medidas de prevenção mais comuns são quanto à limpeza dos silos ou dos armazéns porque a transmissão mais comum se dá pelas vias respiratórias. Quando se respira poeira com partículas de urina e fezes do roedor já há a contaminação. Nesses casos a orientação que se dá é limpar os armazéns com máscara de proteção, não varrer o local, e utilizar pano úmido e utilizar luvas. Não levar a mão à boca e olhos e muito menos consumir água ou alimento no ato da limpeza. Após a mão deve ser lavada e os instrumentos de limpeza. As vestimentas apropriadas são botas, calças e camisas de manga comprida.
SINTOMAS - A doença leva de dois a 42 dias para se manifestar, depois que o paciente entra em contato com o vírus. Na fase inicial, os sintomas são semelhantes aos da gripe ou pneumonia, como dores musculares, náuseas, febre alta e dificuldades para respirar. A pessoa que apresentar tais sintomas deve procurar a unidade de saúde mais próxima, para que médicos capacitados possam identificar o problema, já que é uma enfermidade que apresenta alta mortalidade. Depois que se manifesta, a doença pode matar em até 48 horas.
A preocupação da superintendente adjunta de Saúde Coletiva, Moema Blatt, é que os sintomas iniciais da hantavirose são parecidos com um simples resfriado. “Porém a evolução da doença é muito rápida e, ao procurar o atendimento médico, já pode ter havido o comprometimento de órgãos vitais, o que pode levar à morte. Pessoas que residem ou trabalham em locais de armazenamento de grãos, em ambientes sujeitos a receberem visitas de roedores silvestres devem procurar, imediatamente, atendimento de Saúde ao sentirem sinais de um simples resfriado”, alertou.