Além de apressar a fila de cirurgias dentro do hospital, outra parte do esquema consistia em propor aos usuários do SUS que pagassem por cirurgias em hospital particular. Uma conversa narrada pelo promotor do Gaeco mostra um médico e um gesseiro negociando a saída de uma pessoa da unidade. Murilo Sant’Ana Barros e Marcos Benedito Corrêa Gabriel foram denunciados pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) de conhecerem o esquema e até teriam orientado familiares de pacientes a buscar os organizadores da fila do SUS para conseguir uma cirurgia mais barata.
No esquema cobrava-se em torno de R$ 300 a R$ 1,5 mil, para que o paciente internado fosse imediatamente submetido à cirurgia em detrimento de outros que aguardavam na fila há mais tempo. “A corrupção só ocorria porque gesseiros e instrumentadores em conluio com os médicos solicitavam vantagem indevida para burlar o sistema de regulação municipal interna do Pronto Socorro” – disse o promotor Arnaldo Justino da Silva, responsável pelas investigações.
Além dos dois médicos, o Gaeco identificou como participante do esquema o instrumentalista cirúrgico Jairo Calamir da Cruz, e os gesseiros Josué Pinto da Silva, Wlamir Benedito Soares e Diogo Farias Sodré. Os beneficiários do esquema seriam o comerciante José Geraldo Souza Oliveira, Alex Willian Xavier da Silva e Rosangela Aparecida do Espírito Santo.
A diretoria do Pronto Socorro não quis se manifestar sobre o assunto. O diretor Clínico, Jair Gimenes Marra, e a gerente de Internação, Mariana Penha Rosa, mandaram dizer que só vão se posicionar sobre o assunto até tomar conhecimento completo das informações apuradas na investigação. Eles correm o risco de serem denunciados futuramente por prevaricação, qual seja, não tomar providências para evitar prejuízos a terceiros diante do serviço público.
O promotor Arnaldo Justino destacou que só depois de saber que o Ministério Público estava observando o processo de encaminhamento dos pacientes é que o diretor geral e a funcionária responsável pelo setor de regulação do PSMC iniciaram medidas para fazer o efetivo controle da fila. A investigação começou em agosto de 2009 e foi finalizada no fim do ano passado quando foram identificados 15 fatos de corrupção.
O Gaeco identificou também que gesseiros também subtraíam medicamentos para serem vendidos. Em uma busca e apreensão realizada pelo Gaeco na casa de um dos acusados, o promotor Justino da Silva informou que foram encontrados medicamentos como xilocaína, adrenalina, morfina, além de atestados médicos que eram comercializados por R$ 25 cada. A denúncia do Gaeco foi encaminhada para a vara a 15ª Vara Criminal de Cuiabá.
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