Não desisti filho!
Há seis meses não ouço seu chamado peculiar ao telefone, seu sorriso manso e radiante de beleza (ainda que guardada!).
A causa foi aquela bala! A bala banalizada, que vara cabeças e sonhos, despedaçando os corações que amam!
Aprendi que não há superação para essa dor! Não há!
Contudo, essa dor mostrou, o que a alegria jamais revelará...
Entendi a agonia de quem discute a maioridade penal. Pois quando alguém dispara na cabeça do filho da gente, e tem apenas 17 anos, em nosso país não cometeu um crime, mas apenas uma infração!
Um ato sem retorno, sem estorno...um infrator levou meu sorriso para sempre...
Voltará às ruas a qualquer momento.
A mesma cidade que foi palco da morte, hoje assistiu outro assassinato. Outro jovem.
No anunciar da tragédia as pessoas comentam: era um brigador! O assassino estava justificado! A culpa é de quem morre. Quem mata contará com um aparato de favores, da sociedade e do judiciário, e dos advogados, e do código penal...enfim, só não se torna criminoso no Brasil quem não quer ser.
Sim, nossa única garantia caminha pelo fio tênue da edificação do senso moral. Vinculado a outras construções sociais.
Mas estamos no país da corrupção ativa e passiva!
País onde o crime compensa.
A omissão é garantia de permanência em espaços de poder. Corporativismo, autoritarismo, servilismo...quantos “ismos” a fortalecer a morte!
Como acreditar nas instituições?
Meu país não me leva a sério.
Saudade é força de propulsão! Devo a meu filho a continuidade da luta, da jornada íngreme amenizada apenas pelo grito que ecoa falando de amor como coragem, renúncia, esperança...
Na verdade eu ouço aquela voz...no meu próprio coração, dizendo, não desiste mãe...
Blog da Ana Cláudia(Mãe do Taine)