“Murcha depressa a beleza vã, o corpo envelhece e todos passam pela porta do fim inevitável. Existimos hoje, amanhã não sabemos o que será de nós. Tudo é incerto afora o morrer.” (Mário Martins)
A morte é uma realidade, uma lei natural a qual todos os seres viventes estão sujeitos e que não conseguem burlar. Ela é o limite entre a existência terrena e o desconhecido, entre o fim das atividades corpóreas e um por vir incerto.
Experiência incógnita que inquieta a humanidade desde os tempos mais recuados. O desaparecimento do indivíduo – aniquilação da matéria – suscitou o nascimento de cerimônias fúnebres que, entre outras coisas, testemunham o desejo de perpetuação da memória e do prolongamento da existência. Nas sociedades arcaicas, o homem, ao tomar consciência de sua individualidade e da morte, praticou ritos em honra dos defuntos e acreditou na “realidade” da vida além-túmulo.
Estudos etnológicos mostram “que em toda parte os mortos foram ou são objetos de práticas que correspondem, todas elas, a crenças referentes a sua sobrevivência (na forma de espectro corporal, sombra, fantasma etc.) ou a seu renascimento”.
A idéia da extensão da vida após o falecimento é antiga e está presente em várias tradições religiosas. Nesta dissertação abordamos a concepção imortalista cristã, cuja doutrina não ignora as leis biológicas, mas, ao contrário, reconhece na finitude física o portal para a eternidade do ser.
Sabrina Mara Sant’Anna
Dissertação de Mestrado apresentada ao Departamento de Pós-Graduação em História da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal de Minas Gerais. Área de concentração: História Social da Cultura Orientadora: Profa. Dra. Adalgisa Arantes Campos
Fonte:Domínio Público