Odilon Rios
O episódio do descarte de provas no Instituto Médico Legal (IML), no caso da estudante universitária Giovanna Tenório, não teria existido se fosse seguida uma orientação do Ministério Público Estadual feita em janeiro: a interdição do prédio do instituto, que funciona há quase 80 anos no mesmo local: o improvisado casarão no bairro do Prado.
Ela deveria ter ocorrido em 30 dias.
Das paredes que dão choque, dando um giro pelo passado (em 1938 o IML recebeu o corpo de Lampião, mas, sem estrutura, teve de ser remetido a Recife) passando pelos dias de hoje, o prédio sede está podre. Não é exagero: a Vigilância Sanitária avisou que o IML é uma ameaça a saúde de quem mora ao redor do IML.
Restos de corpos são jogados no lixo, como se fosse um desvario.
E como se cada suspiro de lá fosse o último, o instituto não tem raio X, não tem licenciamento ambiental, não se obedece a escala de trabalho, corpos somem das pedras, são trocados.
Mil laudos também estavam encalhados, em janeiro.
A interdição do prédio foi deixada de lado por existir uma promessa de que um novo prédio, de R$ 4 milhões, seria construído no Tabuleiro dos Martins.
Nenhum tijolo, até hoje.