Para contornar crise no HGE, Secretaria de Saúde contrata 12 cirugiões sem concurso
A crise na saúde pública de Alagoas- com hospitais superlotados e pacientes espalhados pelos corredores- ganha um novo capítulo a partir desta quinta-feira. É que a Secretaria Estadual de Saúde contratou, sem concurso público e por 24 meses doze cirurgiões para tentar evitar a paralisação dos atendimentos no Hospital Geral do Estado e a Unidade de Emergência Daniel Houly, em Arapiraca.
Contratados temporariamente por 24 meses, os médicos vão custar, todos eles, quase um milhão de reais (exatos R$ 825.569,28). Os contratos preveem plantões de 24 horas.
Investigada pelo Ministério Público Federal, a Secretaria Estadual de Saúde é alvo de um inquérito que apura a morte de bebês na maternidade Santa Mônica, em 2007.
Em maio deste ano, o reporteralagoas.com.br mostrou a superlotação e o caos no HGE, em Maceió. Eram pacientes atacados por formigas, apertados em macas pequenas, mortos dividindo espaço com os vivos, lixo próximo a pacientes, goteiras e atendimentos improvisados em cadeira por falta de leitos.
Em meio ao caos, pacientes da área vermelha, que recebe os casos mais graves, recebem o atendimento no chão, deitados em colchões improvisados. Outros esperam sentados em cadeira, com um soro nas mãos, a desocupação de um leito. No corredor, o grito de um paciente escancara o horror. Com fortes dores no braço direito, ele tenta se livrar de um ataque inesperado: formigas descem pela parede e infestam a cama dele. Sem forças para espantá-las, ele espera atendimento de enfermeiras e médicos. Enquanto isso, um corpo enrolado num saco permanece horas ao lado de pacientes vivos.
O HGE tem 260 leitos, mas poderia ser maior. Parada há três anos, a reforma da unidade estenderia para 410 o número de vagas.
Em torno de 75% da população de Alagoas depende do Sistema Único de Saúde (SUS), abarrotando os hospitais, principalmente o Geral.
Em meio a esse quadro trágico, funcionários se desdobram, mas não conseguem vencer o descaso.
No corre-corre para salvar vidas, os profissionais se deparam com o improviso e a falta de estrutura. Caixas de papelão viram bandejas com medicamentos. Macas são mesas. Remédios e seringas são manipulados próximos a lixo. Infiltrações enormes permitem que água desça do teto como se fosse uma torneira. É a chuva torrencial saindo pelas frestas.