O Sindicato dos Médicos do Pará (Sindmepa) não vai aceitar que a categoria seja utilizada como bode expiatório dos graves problemas que atingem o sistema público de saúde. Médico não é bandido e polícia tem como função prender bandido, não gente que tenta realizar a sua tarefa da melhor maneira possível, apesar da precariedade das condições de trabalho.
Sobre o episódio ocorrido na manhã desta terça-feira, 23, na Santa Casa de Misericórdia do Pará, quando médicos receberam voz de prisão de um bombeiro militar, ao tentar explicar que não havia leito disponível para atender uma paciente – medida essa determinada pela própria direção do hospital, o Sindmepa informa que vai dar todo o apoio jurídico e institucional aos colegas envolvidos e que vai procurar, novamente, as autoridades de segurança do Estado, a fim de discutir, mais uma vez, a caracterização da chamada omissão de socorro, porque, se a interpretação sobre o tema continuar desvirtuada como está, ficará inviável para a categoria continuar a trabalhar no sistema público, especialmente na urgência e emergência, sob pena de, todos os dias, termos médicos sendo detidos como bandidos, coisa que não são.
Essa situação não é inédita. No mês de julho passado, outros colegas, que trabalhavam em uma clínica vinculada ao Sistema Único de Saúde (SUS) foram ameaçados de prisão por bombeiros militares que tentaram, à força, fazer com que um paciente fosse operado, quando não havia ali nem bloco cirúrgico disponível. Na ocasião, o Sindmepa buscou a Secretaria de Estado de Segurança Pública (Segup) e manifestou preocupação em relação a uma possível repetição desse fato. Foi o que, infelizmente, acabou acontecendo, já que nenhuma providência foi tomada.
Quem tem que prover leitos para atender a população não é a categoria médica, mas sim, os gestores da saúde. A esse profissional cabe apenas prestar atendimento clínico. Por isso, o Sindmepa lamenta o ocorrido e conclama as autoridades responsáveis para que tomem o caso como um mote para discutir seriamente a saúde no nosso Estado, buscando oferecer melhores condições de trabalho e remuneração não só à categoria médica, mas a todos os profissionais da saúde.
O Sindmepa reitera, ainda, que vai aguardar a apuração dos fatos, garantindo aos colegas médicos o amplo direito de defesa e chamando a categoria para, em breve, realizar uma assembléia geral, na qual deverão ser discutidos esses graves problemas que não só estão afetando a imagem da categoria, como também contribuindo para uma precarização ainda maior do sistema público de saúde.
Diretoria Colegiada
Fonte : Sindmepa