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Índios na Cidade |
Embora desconhecidos da opinião pública e desconsiderados pelas políticas governamentais, os índios na cidade de São Paulo somam uma população considerável, que aumenta a cada ano.
No censo de 2000, o IBGE levantou a existência de uma população de 63.789 indígenas no Estado de São Paulo. Desse total, cerca de 3.800 residem nas aldeias e o restante vive na Região Metropolitana de São Paulo.
Já em 1998, dados do IBGE indicavam uma população de 33.829 índios na área metropolitana.
A forte presença de índios migrados para as cidades torna São Paulo o Estado com a terceira maior população indígena do Brasil, sendo precedido apenas pelo Amazonas (113.391) e pela Bahia (64.240).
Ao que tudo indica, a maior parte dos índios que residem na Região Metropolitana de São Paulo é migrante do Nordeste. Vivem em condições precárias, sem acesso a serviços adequados de saúde e educação, sem moradia digna e sem condições de plena vivência de suas identidades culturais.
Com o objetivo de compreender os desafios enfrentados pelos índios que residem em São Paulo, conhecer melhor as razões que os levaram a migrar e ainda ampliar sua capacidade de lutar por seus direitos, a CPI-SP organizou a oficina “Índios na Cidade de São Paulo”.
O evento foi organizado com o apoio da Pastoral Indigenista da Arquidiocese de São Paulo e o financiamento da CAFOD, da CESE e da Kerkinactie, nos dias 5 a 7 de novembro de 2004, na cidade de
São Paulo.
Participaram 48 homens e mulheres indígenas. Da Região Metropolitana de São Paulo vieram 40 pessoas, dos povos Pankararu, Pankararé, Fulni-ô, Terena, Kaingang, KaririXocó, Atikum e Potiguara.
Estiveram presentes também seis lideranças Pankararu e Fulni-ô de Pernambuco e dois representantes da Articulação dos Povos Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo.
A presença dos índios do Nordeste foi muito enriquecedora, pois permitiu uma discussão mais ampla e integrada acerca dos problemas que atingem os índios aqui e lá. Se há muitos índios do Nordeste vivendo em São Paulo, isso se deve à contínua perda de seus territórios tradicionais, aos conflitos com posseiros, à falta de trabalho e à escassez de terras produtivas.
A oficina foi pautada pela premissa de que o fato de os índios se encontrarem nas cidades não os torna “menos índios” nem os torna desprovidos de direitos.
As várias palestras proferidas procuraram elucidar esses direitos.
Os debates apontaram os possíveis caminhos para garanti-los.
Com os diversos depoimentos dos índios presentes, foi possível construir um diagnóstico mais aprofundado da situação dos povos indígenas que vivem em São Paulo, que é apresentado nesta publicação.
Apresentação
Selma Gomes
Comissão Pró-Índio de São Paulo