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Moisés |
Medicina e Judaísmo na transição para a modernidade
João-Maria Nabais*
Preâmbulo
A Europa, no período final do século XIV, continuava a ser mais cristã do que europeia, isto é, o valor do peso específico da cristandade era até aí mais importante e significativo, por várias vicissitudes, em particular pela pressão exercida a leste sobre os limites do mundo cristão, então em retrocesso pela expansão turca-otomana, após o tempo das cruzadas.
Foi uma longa época de devasta ções e desolação, em que a Europa, ao estar sujeita a uma série de conflitos, ex. Guerra dos 100 anos (1337- 1453), quase ficou reduzida a ruínas, com graves repercussões na economia e no comércio, entrando decisivamente numa fase de decadência, o que prenuncia a chegada de novos tempos.
A vida e a fé estavam em risco pelo fantasma de uma dupla ameaça, uma constituída pelo avanço do Islamismo, tanto a Leste como a Sul (coma jurisdição do califado de Granada, na Península Ibérica, mais a pressão muçulmana no Norte de África); a outra, tanto ou mais séria, era a peste negra, como doença epidémica que vinha dizimando populações inteiras, reduzindo-as para metade em muitos países da Europa ocidental, cujo impacto é bem relatado por Boccaccio (1313-1375) no seu Decameron. link