INTRODUÇÃO
Em 2005 a Senhora Drª Adelaide Salvado convidou-nos a participar, com uma comunicação, nas XVII Jornadas de Estudo “Medicina da Beira Interior da Pré-História ao Séc. XXI”. Nesse ano a temática era “Os Sentidos na Obra de Amato Lusitano” e propusemo-nos analisar a representação dos sentidos humanos (tacto, audição,olfacto, paladar e visão) na poesia popular da região de Castelo Branco.
Os cinco sentidos proporcionam ao indivíduo o relacionamento indispensável com o meio que o rodeia e um manancial inesgotável de sensações. Deste modo, são um dos principais meios para apreender o mundo exterior.
A poesia popular que serviu de base a esta análise foi recolhida na área geográfica dos concelhos de Castelo Branco, Idanha-a-Nova, Proença-a-Nova e Vila Velha de Ródão. Neste âmbito e dado existir bibliografia adequada ao objectivo estabelecido não houve necessidade de recolher novos dados com recurso a trabalho de campo.
De facto, utilizaram-se as milhares de estrofes poéticas já divulgadas em vários tipos de trabalhos. Do corpus constituído para o efeito, para cada um dos sentidos, eliminaram-se as estrofes repetidas.
As características da poesia que compõem este corpus são idênticas às identificadas na poesia popular da região. Os ambientes são rurais e a linguagem é muitas vezes metafórica. Outra coisa não seria expectável.
Ao longo do texto indica-se entre parêntesis o número de ocorrências identificadas no corpus.
A análise abre com duas versões, semelhantes, de um conjunto de seis quadras com o título “Os Cinco Sentidos” recolhidas em Benquerenças e Rochas de Baixo por José Antunes Belo e Jaime Lopes Dias, respectivamente. A seguir, tratam-se, separadamente, cada um dos cinco sentidos. link