Os médicos do PSF continuam em greve na maioria dos municípios alagoanos. Algumas prefeituras já fecharam acordo para reajustar os salários, adequando-os à carga horária semanal de 40 horas, exigida pelo Ministério Público Federal de Alagoas (MPF/AL). Outras ainda negociam, com boas perspectivas de entendimento.
Mas na maioria dos municípios os gestores ainda insistem em exigir o cumprimento das 40 horas, sem pagar uma remuneração compatível. E o pior: não querem nem saber de ne-gociação e ainda ameaçam cortar os dias parados dos grevistas.
Depois de um mês de greve, os médicos desses municípios começam a desistir do PSF e partem para a demissão. Municípios que pagam salários baixos e que já tinham dificuldade de manter os médicos nas equipes deverão perder todos os profissionais.
O trabalho no PSF em Alagoas está sendo substituído pelo mesmo trabalho em municí-pios de estados vizinhos, que pagam salários compatíveis, e por plantões ou atendimento ambulatorial em hospitais das redes pública e privada - não só em Alagoas, mas também em Pernambuco e Sergipe, onde faltam médicos.
PROBLEMA ANTIGO - Antes mesmo da ação do MPF/AL, o Sinmed fez várias ten-tativas de negociação com a Associação dos Municípios Alagoanos (AMA) para reestrutura-ção do programa em Alagoas, correção de distorções, melhoria dos salários dos médicos e também das condições de trabalho.
Sem êxito nas tentativas junto à AMA, o Sinmed negociava em separado com as prefeitu-ras pautas de reajuste salarial e de melhoria de condições de trabalho, mas obtendo poucos avanços e de forma muito lenta.
Depois de muita luta, no início deste ano a média salarial do médico do PSF em Alagoas passou para R$ 4.500,00, com a implantação de acordos fechados à custa de prolongadas negociações do Sinmed com prefeituras de diferentes regiões ao longo de 2010.
Na maioria dos municípios os médicos continuaram recebendo R$ 4.000,00 e até menos do que isso, enquanto os que pagavam melhor fixaram os salários em R$ 5.500,00. Com esses valores, as prefeituras só conseguiam contratar médicos para trabalhar com carga horária reduzida, de acordo com o sistema que já vinha sendo colocado em prática.
Agora, sob pretexto de estarem cumprindo ordens do MPF, as prefeituras que já pagam os piores salários do país insistem que os médicos trabalhem 40 horas semanais sem ofere-cer qualquer reajuste de salário.