“Somos a Memória que temos e a responsabilidade que assumimos.
Sem Memória não existimos, sem responsabilidade talvez não mereçamos existir”.
Saramago – 1922-2010.
História da Primeira Jornada Médica da Unidade de Emergência Dr. Armando Lages
*Isaac Soares de Lima
Dr. Carlos Augusto de Moraes de Carvalho, de saudosa memória, médico, nefrologista, primeiro coordenador dos acadêmicos do Pronto Socorro de Maceió, me ensinou e passou a missão de ser seu substituto. Era o ano de 1984. Na coordenação, tínhamos a tarefa de realizar concursos anuais para bolsistas acadêmicos de medicina e odontologia, além de realizar as escalas com as respectivas tarefas de apresentar ao corpo médico-odontológico as equipes que iriam participar nos plantões diurnos e noturnos de 12 (doze) horas. Não havia ainda a coordenação dos acadêmicos de odontologia. Nos quase 10 anos de mandato, realizamos 6 Jornadas Médicas, sendo na última a implantação e posse da Diretoria do Centro de Estudos da Unidade de Emergência Dr. Armando Lages “Professor Dr. Rodrigo Ramalho”. Era o ano de 1993 e tive a honra de ser seu primeiro presidente. O Centro de Estudos teve grande importância para a evolução da Instituição.
Passaremos a enfocar a Primeira Jornada Médica da Unidade de Emergência Dr. Armando Lages. Sob a presidência da Fundação Governador Lamenha Filho, Dr. Djalma Gama Brêda, diretor da Unidade, Dr. Dilson Simões, secretário Dr. Murilo Motta e coordenação do Dr. Isaac Soares de Lima, foram designados para fazer parte da comissão científica os médicos João Pereira, Márcia Pinto e Ricardo Nogueira. O evento ocorreu nos dias 11, 12,13 e 14 de julho de 1984 no auditório da Escola de Ciências Médicas de Alagoas. A programação intensa e extensa teve como conferencia de abertura A História e Evolução do Pronto Socorro de Maceió, proferida pelo cirurgião geral Dr. Joseane Ribeiro Granja e presidida pelo diretor Dr. Dilson Falcão Simões. O conferencista resumiu em slides e transparências como surgiu a nossa Unidade de Emergência, mais conhecida como “UE”, bem como apresentou seus Diretores médicos até a data da Jornada.
“No dia 15/05/1936, sob a responsabilidade da Santa Casa de Misericórdia de Maceió, foi criado o Hospital de Pronto Socorro de Maceió. Em 1937, construção do hospital de Pronto Socorro de Maceió. No dia 30/11/1955 sob a lei nº 472 desvinculou-se o Hospital de Pronto Socorro de Maceió da Santa Casa de Misericórdia e criou-se o Serviço Municipal de Pronto Socorro de Maceió. No dia 01/01/1956 o funcionamento do Pronto Socorro passou a ser de responsabilidade da Prefeitura Municipal de Maceió. No dia 02/09/1974 início da construção do edifício onde hoje funciona a atual Unidade de Emergência, no caso, o Hospital Geral o HGE. No dia 01/02/1979 sob a lei 2573 foi autorizada a extinção do Serviço Municipal de Pronto Socorro de Maceió. No dia 16/03/1979 o Decreto 1676 extinguiu o Serviço Municipal de Pronto Socorro de Maceió que passou a funcionar sob a responsabilidade da Fundação Governador Lamenha Filho, ainda no antigo prédio da Rua Dias Cabral. No dia 13/07/1979, inauguração da Unidade de Emergência Dr. Armando Lages à Avenida Jorge de Lima, esquina com a Avenida Siqueira Campos, mantendo um centro cirúrgico e uma Unidade de Terapia Intensiva. No dia 10/09/1983 inicio das reformas básicas e ampliação de serviços da Unidade de Emergência Dr. Armando Lages”.
Ainda no mesmo relato, Dr. Joseane apresenta os respectivos Diretores Médicos da Instituição. “Tendo como seu primeiro Diretor nos anos de 1936/1938 o Dr. Aristóteles Calazans Simões, seguido do Dr. Pedro Reis em 1938/1949; ainda em 1949, Dr. Paulo Lavenére Machado e no final deste mesmo ano, 1949/1955, Dr. IB Gatto Falcão. Dr. Rodrigo de Araújo Ramalho, 1956/1959; Dr. Alfredo Ramiro Bastos, 1959/1961; no mesmo ano de 1961 Dr. Jaime Melo, assumindo de 1961/1964, Dr. José Medeiros; Dr. Rodrigo Ramalho de 1964/1965; Dr. João Maia Nobre entre 1965/1966; no ano de 1966 também dirigiu, Dr. Jorge Quintela; de 1966/1969, assume Dr. Embs Aragão; 1969/1970 Dr. Carlos Paes; 1971/1976 assume Dr. Luiz Gomes de Melo; 1976/1979 e 1979/1983 Dr. Joseane Ribeiro de Menezes Granja”.
Era uma noite de quarta-feira e a outra conferencia ficou com o convidado especial Dr. Antonio Ribeiro Neto do Hospital Souza Aguiar, do Rio de Janeiro, que abordou o tema “O Politraumatizado”.
No dia seguinte, 12 de julho, um painel abordando “Trauma de Cabeça e Pescoço”; a mesa era constituída pelo presidente Dr. Pedro Bernardo, secretário, Dr. Ronaldo Leão, moderador, Dr. Ronald Mendonça, e os participantes eram: Dr. Djacir Pereira com o tema “Traumatismo Bucomaxilofacial”, Dr. José Tenório com “Traumatismo Vascular Cervical”, Dr. Rui Costa com “Traumatismo Raquimedular Cervical”, Dr. Ricardo Camelo com “Traumatismo Cranio-Encefálico” e Dr. Luis Alberto com “Traumatismo de Partes Moles da Face”. No mesmo dia, às 10 horas, a conferencia “Traumatismo Fechado de Tórax” proferido pelo convidado especial, cirurgião cardíaco da Universidade Federal de Sergipe, Dr. José Teles de Mendonça, presidido por Dr. Érico Fernandes. Às 11 horas, conferencia “Traumatismo em Oftalmologia” pelo Dr. Mário Jorge Santos, presidido pelo Dr. Moura Resende. Ás 14h30min conferencia “Ferimentos Transfixantes do Mediastino”, pelo convidado especial, de um dos hospitais mais movimentados em emergência da cidade do Rio de Janeiro, Dr. Antonio Ribeiro Neto, tendo como presidente, Dr. Ariosto Macedo. Tivemos também a Sessão de Temas Livres, presidida pelo Dr. José Wanderley Neto, secretariado pelo Dr. José Geraldo, debatedores, Dr. Ribeiro Neto e Dr. Antonio Ramalho. Os temas apresentados previamente selecionados foram: “Traumatismo Hepático” pelo doutorando Guilherme Pitta, “Traumatismo Esplênico” pelo Dr. Urânio Ferro, “Endoscopia Brônquica na Urgência” Dr. José Pinto, “Hérnia Diafragmática Traumática” Dr. Marcos Nepomuceno e “Ferimento Cardíaco” por um dos cirurgiões mais antigos daquela casa, Dr. Márcio Walmick.
Segue a programação, na sexta-feira 13 de Julho, “Anestesia nos Doentes Graves” tendo como conferencista Dr. Humberto Casado, presidido pelo anestesiologista Dr. Wilson Dantas Nazário.
Como Resolvo este Caso, foi uma das mesas bastante interessantes, presidida por Dr. Carlos Franco, secretariada pelo Dr. Adalberon Omena e moderada pelo convidado Dr. Jaime Specterow da Universidade Fluminense do Rio de Janeiro. “Grande Queimado” Dr. Lourival César, “Varizes de Esôfago Sangrante” Dr. Renato Resende, “Emergências em Traumato Ortopedia” Dr. Sálvio Tadeu, “Fraturas Expostas” Dr. Ricardo Nogueira e “Profilaxia do Tétano” Dr. Hélvio de Farias Auto. Na parte da tarde, sempre iniciávamos às 14 horas, “Traumatismo Abdominal” Dr. Isaac Soares de Lima, presidido pelo Dr. Miguel Teodósio e outra Sessão de Temas Livres, tendo como presidente da mesa Dr. Luis Carlos Buarque, secretário, Dr. Vanilo Soares e debatedores Dr. Antonio Mário e Dr. Jaime Specterow, com os seguintes temas: “Traumatismo Vascular Periférico” Dr. Lúcio Wanderley, “Traumatismo de Cólon” doutoranda Carla Luz Coutinho, “Obstrução Intestinal” doutorando Anselmo Lima Bastos, “Hemorragia Digestiva na UTI” doutoranda Lucigl Regueira Teixeira, “Endoscopia Digestiva na Urgência” Dr. Wenceslau Costa, “Úlcera Péptica Perfurada” Dr. José Nunes. E para encerrar os trabalhos do dia tivemos a conferencia do Dr. Jaime Specterow sobre “Pâncreas, posição no Trauma”, presidido pelo Dr. Edeildo Mendonça.
No sábado, dia 14 de julho, último dia da Jornada abriu-se os trabalhos com a conferência “Alimentação Parenteral na UE” tendo como conferencista Dr. João Pereira Neto, presidido pelo intensivista Dr. Hélvio Chagas Ferro e “Traumatismo Vascular Tóraco-Abdominal” pelo nosso convidado especial cirurgião vascular do Hospital Miguel Couto do Rio de Janeiro Dr. Arno Von Pristow, presidido pelo cirurgião cardíaco Dr. Antonio De Biase, cirurgião de sobre aviso da Unidade de Emergência Dr. Armando Lages. Às 11h00min houve a solenidade de encerramento, com o convite aos quase 300 participantes para a próxima Jornada, que doravante seria anual.
Aproveitando o ensejo, transcrevo a seqüência dos Diretores Médicos até a presente data da publicação deste trabalho, de uma palestra intitulada Ex-Diretores da Unidade de Emergência Dr. Armando Lages, por ocasião das comemorações dos 29 anos daquela casa, proferida pelo seu então diretor Dr. Alfredo Aurélio, quando foram homenageados ex-diretores presentes naquela solenidade, realizada no auditório Arthur Ramos do Conselho Regional de Medicina, sob a presidência do Dr. Emmanuel Fortes Cavalcante.
“Contribuição Efetiva no Desenvolvimento da Saúde no Estado de Alagoas, com os respectivos períodos, assim compreendida: Dr. Joseane Ribeiro de Menezes Granja – 21/03/1979 à 10/08/1983, Dr. Dilson Falcão Simões – 10/08/1983 à 13/10/1986, Dr. José Roberto Nolasco de Araújo – 13/10/1986 à 22/10/1986, que também foi diretor no período de 30/01/1987 à 13/03/1987, Dr. Carlos Alberto R. Paes – 01/04/1987 à 14/12/1987, Dr. Abynada de Siqueira Liro – 14/12/1987 à 13/07/1988, Dr. Antônio de Pádua Cavalcante – 26/07/1988 à 16/03/1989, Dr. Márcio Roberto V. de Souza – 16/03/1989 à 25/09/1989, Dr. José Araújo Pinto – 25/09/1989 à 22/12/1989, Dr. Pedro Bernardo de C. Filho – 22/12/1989 à 13/03/1990 e 17/04/1990 à 24/04/1990, Dr. Carlos Alberto R. Paes – 24/04/1990 à 24/02/1992 , Dr. Joseane Ribeiro M. Granja – 08/05/1992 à 30/11/1992, Dr. Pedro Bernardo de C. Filho – 23/12/1992 à 08/04/1994, Dra. Maria Cristina Maia Araújo – 08/04/1994 à 01/05/1994, Dr. Max Rodrigues A. de Melo – 20/05/1994 à 04/01/1995, Dr. Dilson Falcão Simões – 05/01/1995 à 02/10/1995, Dr. Paulo Alfredo B. Soutinho – 02/10/1995 à 29/03/1996, Dr. Mac Dowell Fortes S. Cavalcante – 01/04/1996 à 08/10/1996 e 01/05/1997 à 22/07/1997, Dr. José Márcio G. Alencar – 08/10/1996 à 01/05/1997, Dr. Ronaldo Cavalcante da Silva – 29/07/1997 à 16/11/1998, Dr. Carlos Eugênio Rocha – 11/01/1999 à 19/10/1999, Dr. Marcus Rocha Sampaio – 19/10/1999 à 28/01/2005, Dr. Tadeu Gusmão Muritiba – 28/01/2005 à 08/03/2007, Dr. Alfredo Aurélio Marinho Rosa – 08/03/2007 à 15/10/2008, Antônio de Pádua Cavalcante – 05/10/2008 à 03/02/2009, Antônio Alício de Moreira de O. Júnior – 03/02/2009 à 27/07/2009, Dante Diesel – 24/07/2009 à 22/03/2010, Carlos Alberto da Silva Gomes – 22/03/2010 até a presente data – Maceió, 20/05/2011, data natalícia do Mateus, irmão de Ana Beatriz filho de Daniel e Rosa Virgínia . - ”.
O aprendizado cirúrgico deve ser do conhecimento de todo médico-geral que sairá da Escola preparado para a execução de pequenos atos operatórios (punção de veia profunda, dissecção, traqueostomia, etc.) bem como estar preparado para indicar e auxiliar cirurgias mais complexas.
Na preparação desse profissional importa também a indicação e interpretação da propedêutica cirúrgica mais complexa – radiologia simples e contrastada, ultrasonografia, tomografias, ressonâncias, exames hematológico e bioquímico, todavia a importância da semiologia clínica é fundamental quando são poucos e precários os recursos complementares. Demais é indispensável o relacionamento médico-paciente desde o ambulatório às enfermarias quanto ao seu problema específico (cirúrgico) na determinação de procedimentos outros que poderão advir (colocação de sondas, deambulação precoce, urinar deitado no leito, etc.). Esta era a função do preceptor no ensino da prática médico-cirúrgica com definição de objetivos de aprendizado, capacitação do aluno nos princípios básicos das atividades cirúrgicas, preparação de material e recursos de aprendizagem (reuniões de revistas, seminários, ambulatório, pequenos procedimentos cirúrgicos, centro cirúrgico). O estudante era supervisionado pelo coordenador que era o elo entre o staff e o acadêmico de plantão. Engajar os alunos em oportunidades de prática e era realizada uma avaliação ao final do Estágio, sem o qual ele não recebia o seu Certificado o que era muito importante na distinção do acadêmico que passava e do acadêmico que não tinha a oportunidade de freqüentar aquela tão almejada Instituição de Ensino. O Estagiário era contemplado com uma bolsa de manutenção, não a título de pagamento pelo trabalho, mas como incentivo para melhor desenvolver suas atividades científicas, visando o seu aperfeiçoamento profissional (Portaria 1002 de 29 de dezembro de 1967 do Ministério do Trabalho). O valor era estipulado pela direção da Fundação. Tendo em vista a sua segurança no local de trabalho, tinha direito ao Seguro de Acidentes Pessoais. Todo estagiário teria que comparecer aos plantões, devidamente uniformizados com roupas e sapatos brancos, ao assumir o plantão, assinar a folha de freqüência sua hora de entrada e no término, a saída. Os plantões extras e voluntários eram assinados no verso da folha. Toda permuta de plantão deveria ser por escrito e entregue na Coordenadoria, tendo como prazo estipulado até 15 dias antes. Falta justificada ou Atestado Médico com CID, era pago em forma de plantão extra, falta sem justificativa, além do desconto na bolsa, o mesmo recebia advertência no verso do seu Certificado, era o que no jargão acadêmico chamava de “Certificado manchado”. Os relatórios de plantão eram realizados pelo acadêmico que assinava por último a lista de freqüência, sendo mencionadas inclusive as permutas. O atendimento ambulatorial aos pacientes de Clínica Médica, Pediátrica, Cirúrgica, a prescrição e a liberação tinha que ter a assinatura do médico responsável, sem o qual o paciente não era liberado pelo Serviço Social. Após a autorização do Médico/Odontólogo plantonista, o acadêmico poderia realizar suturas, retiradas de corpo estranho, curativos, abertura e drenagem de abscessos. O estagiário bolsista não poderia solicitar internamento, prescrever medicamento controlado, nem solicitar exame de RX, sem a autorização e assinatura do Médico/Odontólogo plantonista nem prestar informações aos familiares, sobre o estado de saúde e diagnóstico dos pacientes ambulatoriais e internados, toda informação era fornecida pelo Serviço Social da Instituição. Toda reivindicação dos estagiários bolsistas de Medicina e Odontologia deveria ser feita pelo representante ao Coordenador, por escrito e protocolado no setor da Coordenadoria de Assuntos Acadêmicos. Ocorria votação livre entre os estagiários para escolha de um representante perante a Coordenação. Os estagiários, quando estiverem atendendo aos pacientes em ambulatório, principalmente do sexo feminino, deverão estar sempre acompanhados do pessoal da Enfermagem. Os estagiários são obrigados a chamar o Médico/Odontólogo plantonista para examinar os pacientes, principalmente naqueles casos mais difíceis, pois o plantonista é responsável pelo que ocorrer com o paciente. Considerá-se abandono de plantão a ausência do bolsista, sem o prévio conhecimento do chefe de equipe, da coordenação ou do médico/odontólogo do plantão. Só era permitido ao bolsista, vestir roupas da UE, quando estiver ajudando cirurgia.
Devemos ressaltar a grande importância do evento médico-científico para o meio médico alagoano, notadamente para os profissionais que não tinham a oportunidade de freqüentar congressos fora do estado. Com este conclave a nossa Unidade de Emergência passou a estimular outras entidades, chegando a realizar a sua V Jornada da Unidade de Emergência com o III Congresso Médico Alagoano da Sociedade de Medicina, nos dias 09 a 14 de outubro de 1988, onde contamos com a presença do Presidente da Associação Médica Brasileira, professor Dr. Antônio Celso Nassif, onde proferiu a palestra de abertura daquele importante encontro, tendo como Presidente do Congresso, o professor Agatângelo Vasconcelos. Participamos juntamente com os Drs. Renato Rezende, Sérgio Hora e Cléber Costa de Oliveira na Comissão Científica.
Fomos convidados para a Comissão Julgadora, juntamente com a Dra. Carmem Ramos da UFAL/ECMAL, Alaíde Fonseca – UFAL, Marione Cortez – UFAL, Antônio Pinto – UFAL e Úlpio Paulo de Miranda – UFAL, da I Jornada Médico – Acadêmica do CSAU/UFAL Curso de Introdução à Metodologia Científica Prêmio Prof. Rodrigo Ramalho no período de 27 a 29 de outubro de 1988 no Centro de Ciências Biológicas (CCBI). Até a presente data, o curso sob a organização dos professores Ricardo Nogueira e João Batista Neto, vem sendo realizado na Casa da Palavra a parte teórica, sendo a prática administrada nos ambulatórios da Unidade de Emergência, hoje, HGE.
Ainda como fruto daquele grande evento, conseguimos juntamente com os Drs. Sebastião Lessa, Roberto Salgueiro sob o comando maior do cirurgião geral Emilio Silva, organizar a I Jornada de Gastroenterologia de Palmeira dos Índios no Aero Clube nos dias 22 a 24 de maio de 1986. Participaram além dos médicos prata da casa, Drs. Dário Birolini do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo, Luis Leite Luna do hospital Andaraí do Rio de Janeiro e o nosso famoso professor do livro de Gastro, Djalma Vasconcelos da Universidade Federal de Pernambuco. E para concluir, deixo um depoimento postado no blog deste ex-acadêmico, ex-residente, mestre, doutor em Cirurgia Geral, Dr. Lourenilson J. de Souza:
“Quando residente de Cirurgia Geral no Hospital José Carneiro na cidade de Maceió, ainda no primeiro ano, acompanhava um dos melhores e famosos cirurgiões chamado Dr. Isaac. Consta que o referido cirurgião foi participar de Congresso Médico no final de semana na cidade de Aracaju, no Estado de Sergipe, e me recomendou retirar pontos de um paciente submetido a operação de retirada de vesícula, porém portador de diabetes e doença crônica pulmonar. Aconselhou que no sábado eu retirasse os pontos de modo alternado, e no domingo o restante dos pontos.
No domingo, ao retirar o último ponto, o paciente deu uma tossida bem forte! Uauuu! Abriu tudo, e os intestinos pularam todos na minha cara. Era 8h da manhã. Que cena inesquecível. Imagine você diante de uma situação destas. Gritei pela enfermeira e mandei buscar ataduras para tentar segurar aquela coisa viva que não parava de sair da barriga do dito cujo. Saí correndo pelo hospital a procurar algum cirurgião que me socorresse. Encontrei um cirurgião sênior, que por incrível que pareça se recusou a realizar o procedimento cirúrgico de fechamento do abdome. Como pode existir profissional dessa extirpe, pensei... Pelo telefone consegui encontrar o Dr Isaac e avisá-lo do ocorrido. Este pegou avião de volta e resolveu a encrenca.
O paciente foi reoperado e evoluiu bem. No entanto, na retirada dos pontos da reoperação avisou: Dr Isaac, pelo amor de Deus, não mande aquele outro doutor retirar meus pontos...
Pois é... “Sobrou para mim”.
Endereço do Autor:
isaacsoares@terra.com.br
* Formado em Medicina –UFAL – 1975. Bacharel e Licenciado em História – UFAL – 2003. Pós-Graduado em História do Brasil – UFAL – 2004. Bacharel em Ciências Sociais – UFAL – 2009. Acadêmico de Direito – FAA – 2010.