Vivemos o encantamento do Natal!
Desdobramos a significação da luz em piscas coloridos, compramos roupas com frenesi, marcamos encontros regados a bebidas, na pressa de quem trabalhou o ano todo e agora quer parar para sorrir...
Mas nada pode ser parado!
O riso de alguns atravessa o tempo no mesmo instante que outros se derramam em prantos! Não será festa para todos...
Não será festa para as mães que choram de saudade dos filhos e filhas perdidos para a violência no Benedito Bentes, no Vergel do Lago, em Cruz das Almas, no Jacintinho...
Não há mais luz para os filhos engolidos pela larga garganta do tráfico!
Nossos alunos estão assaltando à mão armada pelas ruas temerosas da nossa mal amada cidade, e à noite, não assistem mais nossas aulas.
Há uma impotência generalizada!
O inominável da loucura urbana sugere a criação de guetos na garantia da sobrevivência. Quem viver verá a apologia do individualismo mais esparramada na face da coletividade.
Há medo! O enfrentamento da violência sugere a contemplação provisória das rondas policiais, iluminando de vermelho nossa psicologia policialesca!
Carentes de melhores homens, legitimamos o poder institucionalizado nas mãos ávidas de “lobos sem pele de cordeiro” porque eles enganam melhor. No contrasenso de quem não reflete antes de agir, sonhamos com o combate ao crime elegendo criminosos (mesmo os presos!). Que se fará de nós?
O descaso de quem adota a fuga da responsabilidade se abre em leque, dividindo a dor! Somos todos reféns das mesmas possibilidades ingratas!
Mas no Natal há mais Luz...
Ana Cláudia
27/11/2008