Mais uma crônica de LOG publicada no jornal Gazeta de Alagoas desta sexta-feira 18 de novembro de 2011.
Tempo de Esperas
Depois de “Angústia” e “Travessia”, os meus dois últimos textos, me atrevo, agora com mais convicção, a falar sobre o momento certo para deixar a vida pública. E que coisa boa o que está acontecendo comigo. Estou sendo estimulado por inúmeras pessoas a continuar escrevendo. Afinal, me dizem que, democraticamente e com muita transparência, estou abrindo a minha alma, neste momento que vivo.
E por que hoje falo sobre “Tempo de Esperas”? Muita gente não sabe, mas depois do trabalho, o que mais me encanta é a leitura. E lendo o já consagrado padre, escritor e evangelizador, Fábio de Melo, fico encantado, quando ele descreve o itinerário de um florescer humano, em um dos seus livros, que leva exatamente como título: Tempo de Esperas.
Todo ser humano almeja o sucesso. Não confundir sucesso com fama, que são coisas diferentes. O sucesso depende única e exclusivamente de cada um de nós. Já a fama, só poucos conseguem. Particularmente, vibro mais com o sucesso das pessoas. Os exemplos falam por si. Vide Michael Jackson e Amy Winehouse, mais recentemente, e o nosso Mané Garrincha, no passado, como pessoas que não conseguiram sobreviver à fama.
O momento atual da minha vida profissional tem sido difícil. Faço o que gosto, mas entendo também que, na vida, existem o ideal e o possível. O ideal é a minha continuação na vida pública. O possível é a minha volta à iniciativa privada. Até porque, foi na iniciativa privada que alcancei o sucesso, como já escrevi no primeiro artigo, “Angústia”.
Mas, vejam que lindo a história de Abner, um professor de filosofia que possui todo o sucesso e respeito, mas decide se isolar do mundo após a morte de Flora, sua esposa. Diferente de Alfredo, um estudante de filosofia que sonha com as glórias da vida acadêmica, obcecado pela fama e pelo sucesso, não consegue compreender, por que Clara, a mulher da sua vida, o trocou por um simples florista.
A experiência do velho professor passa a guiar o crescimento interior do seu aluno e, com isso, ele consegue, através do aprendizado, atingir a sabedoria suficiente para curar a perda da sua amada. Vê-se que a experiência é fundamental para entendermos questões que intrigam a todos nós: amor, perda, felicidade, sucesso profissional e vaidades.
Trago esses exemplos, para mostrar que a fama, o sucesso profissional, as vaidades, o poder, o ter; nada disso é mais importante do que a família, o amor, a felicidade, o ser; ou seja, a paz consigo mesmo e com os seus. Traduzindo: apesar da necessidade de olharmos sempre para a floresta, de quando em vez é preciso cuidar da nossa árvore.
Encerro esse texto levando a vocês uma citação do padre e escritor Fábio de Melo: “O meu olhar alcança o longe. Contempla o território que me separa da concretização do meu desejo. O destino final que o meu olhar já reconhece como recompensa, aos pés se oferece como lonjura a ser vencida. Mas não há pressa que seja capaz de diminuir esta distância. Estamos sob a prevalência de uma imposição existencial, regra que ensina que entre o ser real e o ser desejado, há o senhorio inevitável do Tempo de Esperas”.
Luiz Otavio Gomes – secretário de Estado do Planejamento e Desenvolvimento Econômico