Em fevereiro de 2009 o Jornalista Odilon Rios descrevia o que seria a vida nos presídios de Alagoas. Nos dias atuais fica a pergunta : Será que algo mudou ou o circo continua o mesmo ?
Mário Augusto
Odilon Rios 05/02/2009
Intregrantes do Grupo de Combate ao Crime Organizado (Gecoc), do Ministério Público, tem pelo menos um nome do responsável pelas mortes de presos nos presídios alagoanos, mas as linhas de investigação estão sob sigilo.
No grupo do MP, a hipótese mais concreta é que uma organização criminosa, e não uma quadrilha, esteja agindo nos presídios para eliminar possíveis desafetos. E o nome investigado estaria pecando, internamente, por "omissão", ou seja, poderia evitar todas as mortes, mas nada fez. Depoimentos de familares e testemunhas estão ajudando a montar o quebra-cabeças, um raio X daquilo que acontece nos presídios.
Os Calabouços
O caso é tão grave que os integrantes do Gecoc estudam formas para avisar o governador Teotonio Vilela Filho (PSDB) sobre o que está sendo encontrado nas cadeias.
Em visita na semana passada ao presídio Cyridião Duval, chamou a atenção dos promtores a falta de luz e a quantidade de sujeira - esgoto mesmo- no presídio.
E os casos escandalosos não param de chegar. Por exemplo: há até gás de cozinha e fogões dentro das celas, o que pode facilitar até uma rebelião. A "pista" está nas cestas básicas, entregues aos presos. Nos depoimentos, os familares confirmam os equipamentos de cozinha e mais: dão uma espécie de "pensão" de R$ 100 ao detento. Um dinheiro que, possivelmente, movimenta o mercado da droga nas cadeias.
Outro fato é o preso Charles Gomes de Barros, o Charlão, preso acusado de tráfico em 2006, andar com seis "seguranças" no presídio. Os "seguranças" são os próprios presos e dizem acompanhar Charlão "espontaneamente". Ninguém acredita.
Todo dia, para não ser morto, Charlão, nos relatos do Gecoc, muda o local de dormir. E a cela é sempre dividida com seus "seguranças". "É um sistema falido. Melhor derrubar e mudar tudo", diz um integrante do Gecoc.
Suicídios
Mas, são os suicídios que mais chamam a atenção dos promotores. Em primeiro lugar, a hipótese de suicídio é descartada; em segundo, há um laudo que comprova que a morte de Antônio Marcos, o "Tonho Preto", em 2007, não foi suicídio, mas tortura até a morte, depois devidamente "encenada" com uma hipótese de enforcamento.
Tonho Preto era irmão de José Ronaldo da Silva, o "Nau", desaparecido desde 2007. Ele é acusado de sequestro e prometeu vingar a morte de "Tonho Preto". Sumiu até hoje. Possibilidade de queima de arquivo? Ela existe sim.
Nesse balaio de gato, um acusando o outro, tantos participando da mesma trama sórdida...que começa com a falta de políticas públicas (aquelas básicas: educação, saúde, moradia digna etc.) e culmina com a violência e a indiferença da mesma sociedade, num revesar de algozes e vítimas. Será que há espaço para Deus nessa via crucis, ou os "mandantes" definem tudo? Alagoas merece isso?