A decisão do delegado da Polícia Civil de Alagoas, Belmiro Cavalcante, de enviar um cadáver para exumação no maior hospital público de Alagoas piorou a crise na segurança pública. A secretária Nacional de Segurança Pública, Regina Miki, está em Alagoas desde quinta-feira- para buscar alternativas para a falta de estrutura de delegacias com risco de cair, presos linchando presos e um Instituto Médico Legal (IML) que funciona de forma improvisada há 80 anos.
Alagoas é o lugar mais violento do Brasil- segundo números do Ministério da Justiça. E o assassinato do modelo Eric Ferraz- morto com cinco tiros, após uma discussão, na noite de ano novo- é o mais novo capítulo da crise na área de segurança no segundo menor Estado do Brasil.
O modelo foi enterrado com as cinco balas no corpo porque o IML nunca teve um aparelho de raio X e o médico legista não teve tempo de fazer a autópsia no corpo. A Justiça determinou que fosse uma exumação no cadáver porque há a suspeita de que ele tenha sido morto com duas armas. Sem raio X para se detectar os projetis, o delegado do caso, Belmiro Cavalcante encaminhou o corpo para o Hospital Geral do Estado.
"Isso é um absurdo. Vamos solicitar uma intervenção imediata de todos os órgãos competentes. Não se pode levar um corpo para exumação em um hospital. É mudar a ordem das coisas. Há pessoas vivas e doentes nos corredores do hospital. Há riscos para as vidas", disse o presidente do Conselho Regional de Medicina, Fernando Pedrosa.
Segundo funcionários do HGE, o corpo está sendo exumado na tarde desta sexta-feira no necrotério do hospital com um raio X portátil.
"Querem resolver a situação do IML desta forma. Nunca teve um raio X, nunca houve interesse do Estado em se resolver os seus crimes ou apurá-los com uma Medicina Legal com equipamentos. Não admitimos isso", disse Pedrosa.
Por ordem do delegado, um caseiro de um dos acusados pelo assassinato foi preso. Na cadeia, ele foi espancado por 15 presos. Belmiro Cavalcante nega incentivo a tortura. O delegado foi acusado, há dois anos, de torturar e prender um jovem de 12 anos, por engano. O caso foi arquivado pelo Conselho Estadual de Segurança e o Conselho Superior da Polícia Civil.
O IML de Alagoas funciona, de forma improvisada, há 80 anos em um prédio no bairro do Prado, em Maceió, cedido pela Universidade Federal de Alagoas (Ufal). Em janeiro, o Ministério Público pediu o fechamento da unidade: até restos dos corpos eram jogados no lixo e a água que escorria dos cadávares ia parar no meio da rua.
Em crise, a segurança pública de Alagoas enfrenta um de seus piores momentos. Em levatamento realizado em todas as delegacias de Alagoas, o Sindicato dos Policiais Civis identificou 13 delegacias com risco de cair. Algumas funcionam em casas alugadas.
reporteralagoas.com.br
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