A Federação Nacional dos Médicos e o Sindicato dos Médicos de São Paulo solidariza-se com os médicos do Tocantins que foram, injustamente, chamados pelo governador daquele estado, José Wilson Siqueira Campos, de "marajás".
O presidente do Simesp e da Fenam, Cid Carvalhaes, concorda que ao dizer que “os médicos são os mais bem pagos do país e que o Tocantins não é lugar para marajás”, o governador ofendeu toda uma classe, que luta contra todas as dificuldades (falta de condições técnicas/físicas de trabalho, superlotação...) para garantir atendimento e cuidar da saúde de toda população. “Em virtude da grande responsabilidade que é cuidar da saúde do ser humano, e dos longos anos de estudo e especialização, o médico deve, minimamente, ser bem remunerado. E isso, está longe de significar ser um “marajá”, avalia.
Leia abaixo a nota publicada pelo Sindicato dos Médicos do Tocantins, do Conselho Regional de Medicina do Tocantins e da Associação Médica do Tocantins.
TO: sindicato emite nota de repúdio às declarações feitas pelo governador do Tocantins
O Sindicato dos Médicos no Estado do Tocantins, Conselho Regional de Medicina e Associação Médica do Tocantins expressam seu espanto e repúdio às declarações do excelentíssimo governador do Tocantins, José Wilson Siqueira Campos, dadas à imprensa, relacionando a expressão "marajás" aos médicos tocantinenses.
Sabe-se que marajá é expressão pejorativa e refere-se ao funcionário público que recebe salário privilegiado sem trabalhar.
Ao associá-la aos médicos, o governador ofendeu e desrespeitou publicamente quem trabalha diuturnamente para salvar vidas nos hospitais públicos do Estado em condições sub-humanas que a imprensa revela a cada dia.
Quantos aos salários dos médicos que alcançaram o teto constitucional, justamente o subsídio do governador, é um limite legal e alcançado por 126 médicos servidores do Estado, alguns com quase duas décadas de dedicação ao serviço público.
Serviço no qual ingressaram por concurso público e, com a comprovação de qualificação, estudo e pesquisa, cumpriram todos os requisitos legais para obter as progressões funcionais, atuando hoje em cargas horárias entre 180 e 270 horas, cumpridas religiosamente nos hospitais de referência.
Desafiamos o governador a acompanhar um plantão médico de 24 horas nos hospitais públicos. O mesmo repto é lançado para que sejam localizados entre médicos os supostos marajás apontados nas ilações do governador. O SIMED apóia toda e qualquer iniciativa, revestida de legalidade, para apurar a existência de marajás não só na saúde, mas em todas as áreas do serviço público.
Ao lançar ao léu a associação o médico ao marajá, desprovida de evidência factual, o governador imita a desastrosa ação de marketing do ex-presidente Fernando Collor que, auto-intitulando-se "caçador de marajás" viu-se caçado pelo Congresso Nacional sob acusação de corrupção e escândalos como a Casa da Dinda e saiu pelas portas do fundo do Palácio do Planalto.
O destempero do senhor governador nada mais é do que uma iniciativa rasteira de tentar desviar o foco do problema, que é a gestão desastrosa na área da saúde imposta em seu governo que, incompetente para cumprir suas promessas de campanha, transferiu para uma Organização Social uma responsabilidade constitucional, resultando no atendimento à população cada dia mais precário e sem as condições mínimas como tem sido amplamente divulgado.
Fonte : Simesp