AÇÃO DA JUSTIÇA EM BOCA DA MATA
O juiz de Direito titular da Comarca de Boca da Mata, André Guasti Motta, deu um belo exemplo de como deve agir a Justiça antes da decretação da ilegalidade da greve de trabalhadores. Ao receber, de um lado, o pedido de ilegalidade do movimento, encaminhado pela prefeitura, e, em defesa da categoria, o pedido de liminar contra a suspensão dos salários, encaminhado pelo Sinmed, o juiz decidiu chamar as partes para uma audiência de conciliação.
Na semana passada, o magistrado reuniu prefeito, secretário de saúde, representantes do Sinmed e médicos do PSF no município e ouviu todas as partes. Conciliador, propôs a busca de um acordo que satisfizesse médicos e gestores, possibilitando o fim da greve e a retomada do atendimento à população.
Naquele momento, não houve consenso. O juiz reconheceu a legitimidade da luta da categoria médica, assim como as dificuldades expostas pela prefeitura com relação à capacidade financeira de arcar com o acréscimo no pagamento de salário. Mas pediu que fossem empreendidos esforços, no sentido de se buscar uma solução para a greve.
O prefeito ficou de rever as contas do município para apresentar uma contraproposta à categoria. Nova rodada de negociação deve acontecer nos próximos dias. Para o Sinmed, o avanço foi extraordinário, já que não estava havendo qualquer tipo de diálogo com os gestores de Boca da Mata.
“Conseguimos ter uma conversa amena. Além do reajuste de salário, os médicos reivindicam o pagamento dos atrasados, já que a Prefeitura não poderia cortar ou suspender salários da categoria que faz uma greve justa e legal. Estamos apostando num entendimento para breve”, afirmou o presidente do Sinmed, Wellington Galvão.
Na avaliação do presidente, em outros municípios com decretação de ilegalidade do movimento – como Arapiraca - se o juiz tivesse tentado uma conciliação entre as partes, antes de decidir, é possível que já tivessem sido fechados novos acordos para acabar com a greve.