País terá vacina injetável contra pólio a partir do segundo semestre
O Ministério da Saúde anunciou na quarta-feira 18/janeiro/2012 a introdução de 2 vacinas no Calendário Básico de Vacinação da Criança. A partir do segundo semestre deste ano 2012, também serão aplicadas a vacina injetável contra a poliomielite, feita com vírus inativado, e a vacina pentavalente, contra difteria, tétano,
coqueluche, Haemophilus influenza tipo b e hepatite B. A pasta informou também que a vacina oral contra pólio, com vírus atenuado, será mantida.
Segundo o Ministério da Saúde, a Vacina Inativada Poliomielite (VIP), injetável, vem sendo introduzida nos países que já eliminaram a doença, como é o caso do Brasil. Por outro lado, destacou recomendação feita pela Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), para que os países da América continuem usando a
Vacina Oral Poliomielite (VOP) até a erradicação mundial da doença. O vírus ainda circula em 25 países.
Somente as crianças que estão iniciando o calendário de vacinação receberão a VIP, aos 2 e 4 meses de idade. A vacina oral será aplicada nos reforços, aos 6 e 15 meses de idade.
Já a pentavalente vai oferecer imunização contra 5 doenças, atualmente cobertas por 2 vacinas diferentes. Será aplicada aos 2, 4 e 6 meses de idades. Haverá ainda 2 reforços, a partir dos 12 meses
e entre os 4 e 6 anos, quando as crianças serão vacinadas com a DTP, contra difteria, tétano, coqueluche.
Já os recém-nascidos continuam a receber a primeira dose da vacina hepatite B nas primeiras 12 horas de vida. A vacina pentavalente será produzida pelos laboratórios Fiocruz/Bio-Manguinhos e o Instituto Butantan. Num prazo de 4 anos, a vacina deverá se transformar em heptavalente, com a inclusão da VIP e da meningite C conjugada.
As vacinas combinadas possuem vários benefícios, entre eles o fato de reunir, em apenas uma injeção, vários componentes imunobiológicos. Além disso, os pais ou responsáveis precisarão ir menos aos postos de vacinação, o que poderá resultar em uma maior cobertura vacinal - disse o ministro da Saúde, Alexandre Padilha.
Ele também afirmou que as mudanças fazem parte da política de aperfeiçoamento do Programa Nacional de Imunizações (PNI). Segundo ele, também pemitirão estimular o desenvolvimento tecnológico nacional, diminuindo a dependência da produção estrangeira.
O secretário de Vigilância em Saúde, Jarbas Barbosa, também destacou a redução de custos ao combinar a imunização contra diferentes doenças em uma única vacina. O ministério calcula uma economia de R$ 700 mil ao ano com a pentavalente. Em 2012, serão adquiridas 8,8 milhões de doses da pentavalente, a um custo de R$ 91 milhões.
São produtos que reúnem um número maior de antígenos capazes de estimular a resposta imunológica contra mais de um agente infeccioso, vírus ou bactéria. Tudo isso em única apresentação - afirmou Barbosa.
Quanto à vacina injetável contra pólio, serão adquiridas 8 milhões de doses, ao custo de R$ 40 milhões. Segundo o ministério, outras 3 milhões de doses já foram compradas em dezembro de 2011, para a manutenção de estoque estratégico.
Comentário
Finalmente aconteceu o que esparávamos há cerca de uma década, pelo menos.
Por algum estranho motivo, o Brasil silenciou, até agora, sobre os casos de paralisia associada a vacina Sabin. Ao longo desses anos desde a eliminação da poliomielite no Brasil, devem ter sido muitos.
Durante anos escutei os mais diversos “motivos” para não fazer a transição para a vacina inativada, alguns razoáveis, outros absurdos.
Os razoáveis, com grande fundamentação, diziam respeito as dúvidas em se manter uma alta cobertura. A manutenção de campanhas anuais com a vacina oral serve como garantia dessa cobertura, até o momento em que a poliomielite seja efetivamente erradicada globalmente.
O que importa, porém, é que o Brasil tem um dos melhores esquemas vacinais efetivamente públicos de todo o mundo, poucos países, ainda mais com as nossas características, conseguem o mesmo.
Perfeito? Ainda não, esperamos ainda a vacina contra o HPV além de varicela e hepatite A. Isso não será fácil. Além dos problemas óbvios de custo, estamos saturando o calendério, mais vacinas trazem o risco de afetar negativamente a cobertura.
Eventualmente poderiamos lançar mão de um programa parcial para varicela, por exemplo, apenas para criancas em creches e depois expandindo gradativamente. Para hepatite A, talvez um programa regionalizado com expansão futura. De qualquer modo, o Brasil deu um grande passo ao modernizar seu esquema vacinal.
Segundo dados do Ministério da Saúde do Brasil ( aqui ), após a ocorrência de 2934 casos (320 óbitos) pelo vírus selvagem da poliomielite, o país encontra-se livre da polio desde 1990. O último caso de poliomielite pelo vírus selvagem ocorreu no município de Souza (PB), em 1989. Desde então os casos ocorridos foram de poliomielite paralítica associada ao vírus vacinal (VAPP); foram 48 casos entre as quase 1,4 bilhões de doses aplicadas no período de 1990 a 2011.
Fonte:O Globo-Ministério da Saúde-Promedorg-Blog
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