Cartas secretas do papa Bento XVI pode abalar a Igreja Católica
A obra compila cerca de cem documentos confidenciais do Papa, incluindo correspondência entre si e o seu secretário sobre temas como a organização terrorista ETA ou a pedofilia na igreja, ou mesmo o número da conta bancária aberta por Bento XVI no banco do Vaticano, em 2007.
Um livro revelando supostas cartas confidenciais do papa Bento XVI sobre intrigas na Igreja Católica e os escândalos sexuais do padre mexicano Macial Maciel está causando constrangimentos na Itália, em revelações consideradas sem precedentes. Uma resenha da obra Sua Santidade, cartas secretas do Papa, de Gianluigi Nuzzi, foi publicada ontem pelo jornal Il Corriere della Sera, de Milão.
A primeira edição começa a ser vendida neste sábado no país. Nuzzi já tinha escrito o best-seller Vaticano S.A., sobre as finanças da Santa Sé.
A partir de cartas confidenciais supostamente enviadas a Bento XVI e ao seu secretário pessoal, Georg Gaenswein, o livro resume conchavos na Santa Sé, abrangendo relatórios internos enviados para o chefe da Igreja sobre políticos, a exemplo do ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi e o presidente da República, Giorgio Napolitano.
Igualmente, revela conflitos com a chanceler alemã Angela Merkel sobre os que contestam o Holocausto e as confidências do secretário do fundador da Congregação Mexicana Legionários de Cristo, Marcial Maciel, acusado de abusar de crianças e de ter uma vida dupla com duas esposas e filhos.
Nuzzi terias conseguido, possivelmente por meio de funcionários da Secretaria de Estado do Vaticano, centenas de documentos, incluindo os que apresentam o selo de Reservado, elaborados pelo secretariado.
Uma vez confirmada a veracidade dos dados, trata-se do maior vazamento de documentos na história recente do Vaticano. De acordo com o Il Corriere della Sera, o secretário do papa recebeu por fax todos os detalhes do chamado escândalo Boffo, a operação para desacreditar o editor do jornal Avvenire, da Conferência Nacional dos Bispos da Itália, mediante acusações falsas de assédio homossexual e homossexualidade contra o jornalista Dino Boffo.
O atual secretário de Estado, o cardeal Tarcisio Bertone, mão direita do papa e número dois da Santa Sé, está destacado em muitos dos papéis. É possível que o livro seja uma operação midiática para atacá-lo.
Nuzzi admitiu que se afastou dos informantes dele desde que Bento XVI designou uma comissão de inquérito, em março passado, para investigar os vazamentos, conhecidos como “Vatileaks”. (das agências de notícias)