A saga de um casal gay
Ana Cláudia Laurindo • 12 de maio de 2012 • 8:22 pm
Um diálogo em um café da cidade de Maceió, trouxe os elementos sutis, como fios delicados de vivências, para a
Anderson Fidellis e Anderson Vasconcelos |
construção desse texto que se pretende especial para um tempo no qual o amor busca alargar cenários de expressão.
Nosso encontro; eu, Anderson Fidellis e Anderson Vasconcelos, foi marcado através de uma rede social.
O primeiro chamava minha atenção pela sanfona, a qual parece estar sempre abraçado!
O segundo, pela declarações de fé no contexto de uma igreja evangélica inclusiva, ainda novidade por aqui.
Mais do que homossexuais assumidos, são namorados, parceiros, amigos um do outro. Dividindo experiências, nem sempre fáceis, em um contexto preconceituoso e violento.
O Fidellis é acadêmico do curso de Teatro. Participando atualmente do Programa Vivência de Arte na Ufal, através da Proest. Sendo autor do Projeto Lula Vive, faz pesquisas históricas sobre o Rei do Baião, Luiz Gonzaga.
O projeto traz como proposta conhecer a história do Baião, promovendo debate aberto ao público, e acesso aos ensaios do grupo, servindo como laboratório para a comunidade acadêmica.
Segundo Fidellis, seu contato com o forró veio da infância, como neto de vigilante, acompanhava o avô e o ritmo nordestino pelo radinho, enquanto aquele dava tragos no cigarro de corda. Ao crescer, conheceu o rock, samba, funk, sem identificação. Reencontrando o Baião em 2003, no espaço da musicoteca do Sesc, religando o fio ritmico da infância.
Daí por diante, esse seria seu refúgio sagrado na cura das feridas que seriam abertas ao longo do tempo, por ser homossexual, negro e pobre.
O Vasconcelos trilhou caminhos diferentes, na mesma linha de decoberta de si mesmo, em contexto adverso. Agarrando-se, por sua vez, à proposta da igreja inclusiva, como um caminho de restabelecimento da identidade agredida por conceitos religiosos fundamentalistas.
“Somos uma igreja inclusiva, não apenas para gays, mas para todos aqueles que são rejeitados por algum motivo”. Afirma enquanto desfia suas explicações de adesão:
” A Teologia Inclusiva chegou em Maceió em 2011. Eu, desde criança fui coagido a fazer muitas coisas que não gostava. Por exemplo: não gostar de ver mulher nua, me fazia sentir anormal, mas a visão que tinha de homossexuais era de pessoas promíscuas”.
“Para me livrar da minha homossexualidade busquei várias religiões, banho de descarrego. Até que numa igreja que adota a lei da castidade isso ficou estável, porque não tinha contato com ninguém”. Leia mais