Toda história tem um começo. A nossa tem um número: 10. Este é o número ostentado pelo guajaramirense Hélio Struthos Arouca, o primeiro rondoniense a se graduar em Medicina. Ele conta que não conseguiu ter o simbolismo da primeira inscrição no Conselho Regional de Medicina do Estado de Rondônia (Cremero) por conta do acaso. Outros nove colegas foram mais rápidos – se anteciparam e ocuparam as nove posições anteriores à de Arouca.
Os fatos parecem ter conspirado a favor deste médico, que dono do CRM 10 se tornou um verdadeiro camisa 10 no exercício da medicina no estado. Quem comprova esse desempenho exemplar é a história de sua Guajará-Mirim natal. Por lá, Arouca deixou marcas indeléveis na memória dos conterrâneos.
Médico ainda jovem, muitas vezes assumiu responsabilidades efetuando cobranças junto às autoridades para melhorar a assistência. Fazer essa ponte entre as necessidades reais da população e o mundo da política foi assumido como missão.
Para melhor entender quem é Arouca e seu compromisso com o estado, basta recorrer à sua trajetória: iniciou os estudos ainda em Guajará-Mirim, na época muito menor e diferente do que é hoje. Depois, como era comum na época, foi para a capital, Porto Velho, dar continuidade à formação no Colégio Salesiano Dom Bosco. A próxima parada foi em Manaus, onde concluiu o então curso Científico, ainda sob a tutela dos salesianos do Dom Bosco, só que agora amazonenses. Anos depois, formouse em Medicina pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) – um marco determinante para os anos vindouros.
Em 1958, Arouca volta para os braços de sua terra natal. Em Porto Velho – onde seu tio, o também médico Ary Tupinambá Pena Pinheiro, era o diretor de Saúde do território – recomeça a clinicar e a viver. O desempenho e o compromisso acima da média chamam a atenção das autoridades e acaba contratado pelo governador Paulo Nunes Leal para trabalhar na Maternidade Darcy Vargas.
Dois anos após o retorno, em 1960, assumiu o cargo de encarregado da saúde, no trecho Porto Velho-Pimenta Bueno, onde uma frente de trabalhadores abriam a rodovia BR-364.
Os anos passaram e a paixão pela medicina não diminuiu. A aposentadoria como funcionário federal veio com seu aniversário de 70 anos, mas não o afastou dos consultórios e dos debates. Ainda hoje, aos 81 anos de idade, está presente e atuante na comunidade médica. Divide-se entre a Unimed e o Instituto de Previdência e Assistência dos servidores do município de Porto Velho (Ipam).
Ao olhar a caminhada feita, Arouca não esconde que encontrou na medicina a sua razão de ser e viver. No balanço das décadas, consolidou a convicção de que cada passo valeu a pena: “Faço medicina porque gosto. Se voltar em outra encarnação, podem contar que serei médico novamente”.
CFM