MÉDICOS SOBRECARREGADOS

MÉDICOS SOBRECARREGADOS 

Exausta e indignada durante plantão em um hospital superlotado, a médica Ângela Tenório foi para o corredor cheio de gente e desabafou aos gritos: “Estou sozinha nessa porcaria aqui. Não posso fazer nada pelo excesso de pacientes doentes. E a secretaria [de Saúde] e o governador [Sérgio Cabral] não fazem nada. A saúde está zerada, os pacientes estão à míngua e estão morrendo”. 

A cena que se passou no Hospital Rocha Faria, em Campo Grande, zona oeste do Rio de Janeiro, foi flagrada pela reportagem da Rede Record, que noticiou com destaque o “surto” da médica. Aconteceu no Rio, mas poderia ter acontecido aqui. Nos hospitais e ambulatórios 24 horas da rede pública de Alagoas, a falta de médicos e de estrutura de atendimento persiste há muito tempo e só vem se agravando. 

Todos os dias o Sinmed recebe queixas e denúncias de médicos que não suportam mais a sobrecarga de trabalho no HUE, na UE do Agreste e nos cinco ambulatórios 24 horas da capital. A categoria reclama da falta de condições físicas e psicológicas para trabalhar. O baixo salário é mais um fator de desestímulo. 

Os médicos chegam a atender até 70 pacientes num plantão de 6 horas nos ambulatórios 24 horas e dizem que não aguentam mais e que vão deixar o Estado. Nesses ambuatórios não é feita uma triagem efetiva e muitas vezes eles funcionam como unidade de atenção básica, sobrecarregando ainda mais os médicos. 

O Sinmed insiste na urgência de se realizar concurso público na rede estadual, mas alerta que com os salários atuais é inútil pensar nisso. Antes, tem que implantar o PCCV, pagar dignamente. Com os salários atuais, ninguém vai querer entrar num sistema de onde já tem tantos médicos saindo.

Sinmed/AL

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