O que acontece hoje na Santa Mônica em breve vai acontecer também no HGE. O caos em todas as áreas de atendimento se dá pela falta de médicos, que decorre da falta de políticas públicas de valorização desses profissionais. Os médicos são mal remunerados e não têm perspectiva de melhoria salarial; as condições de trabalho são as piores possíveis: faltam estrutura, material e pessoal de apoio qualificado. Além disso, a sobrecarga de trabalho aumenta todos os dias. Além do crescimento da demanda, muitos médicos continuam deixando o serviço público estadual.
Está acontecendo o que o Sinmed previa: os médicos cansaram de ganhar mal, cansaram de esperar pelo PCCV, cansaram de trabalhar como prestadores de serviços e cansaram de esperar por concurso público. Só permanece na rede estadual de saúde quem está para se aposentar em breve. Médicos com menos tempo de serviço estão deixando Alagoas. Os recém-formados saem para fazer residência médica e não voltam.
Há anos o Sinmed alerta: se o governo não fizer concurso público, não melhorar os salários e não criar um plano de carreira vai terminar ficando sem médicos. Isso, hoje, já é realidade. Muitos médicos foram embora ou, apenas, desistiram do serviço público.
Na rede pública estadual já faltam obstetras, anestesistas, pediatras, neonatologistas, clínicos, neurocirurgiões, cirurgiões gerais e ortopedistas, entre outros que, mesmo que o governo quisesse contratar, pagando bons salários, não conseguiria porque os médicos fizeram concursos e foram trabalhar em outros estados.
Apesar de todas as advertências, o governo preferiu fazer ouvido de mercador e manter a imoralidade da prestação de serviço e do salário aviltante. O resultado está aí: o inferno na Santa Mônica é só o começo. A situação ainda vai piorar muito.
Coluna do Sinmed de Alagoas de 15 de julho de 2012