O que poderia dizer neste momento uma família sobre o festivo dia dos pais quando não se tem nada para comemorar,quando aquele que é o símbolo que confirma a existência de uma paternidade já não está entre nós , em decorrência não dos fatores naturais que separam a vida da morte,porém das circunstâncias patológicas previsíveis e preveníveis que não foram sanadas por um estado que não vem cumprindo o seu papel constitucional , deixando a própria sorte os cidadãos , e no lixo a cidadania?
O que poderia falar os inúmeros Odilons, Anas ,e tantos outros mais de nossa terra sobre a dor de perder um filho para a violência e pela falta de uma justiça célere que destroça a esperança de um futuro de paz?
As vozes estão mudas, os ouvidos estão surdos,os olhos vivem a amaurose da frágil justeza, o deambular está plégico, as mãos são simples adereços que ornamentam um corpo inerte em falência progressiva encefálica! No meu modo de ver, está é a descrição de uma sociedade que dopada pelo conformismo , e nutrida pelas gotas "adocicadas" e diuturnas da fácil omissão, somente consegue sentir as nuances de uma dor, quando a mesma lacera individualmente a sua própria carne.
Estamos vivendo uma sociedade bíblica, que espera a praga da morte do primogênito,igual a época de Móises ,para só assim bradar ao seu governante o seu inconformismo e o sofrimento que todos estão partilhando.
A organização social do povo Egípcio vivia de inúmeros milagres e de encenações, maldições e bênçãos, de deuses e homens que acreditavam ser deuses ,que foi evoluindo "magistralmente" através dos séculos mundo afora ,chegando até os dias atuais com uma nova face ,uma nova apresentação teatral em decorrência das novas roupagens hediondas que são disponibilizadas pelos "humanos" do mundo moderno , porém ,preservando a mesma metodologia da dinastia dos Ramsés .
Em novembro de 2010,presenciei a dor de uma família Alagoana ,vítima da história nefasta implantada pelos Faraós ,que teimam em perpetuar a sua espécie e se fazer presente como carro mestre, o frio norte no cotidiano da nossa sociedade caeté!
Odilon Rios,meu querido e fraterno amigo, jornalista do site reporteralagoas.com.br, escreveu , em um dos seus inúmeros artigos esta frase,relatando o seu drama com o assassinato do seu filho Taine : "O consciente escondia o inconsciente, aquilo que teimamos em não mostrar. O quê nos envergonha, nos maltrata. Ou insistimos em negar. Nosso lixo psicológico".
O nosso lixo psicológico, nada mais é do que a nossa falta de solidariedade, tão bem estudada pelo francês Émile Durkheim , que define o ser solidário aquele que em comunhão de atitudes e de sentimentos, formam uma unidade sólida, capaz de resistir às forças exteriores, se tornando ainda mais resistente quando há forças contrárias proveniente de outro meio
Até quando iremos viver de alegorias televisivas de um governo e das suas linhas "poéticas" que traçam um mundo utópico no horizonte perdido de Shangri-la ?
A mudança portanto ,somente ocorrerá ,quando a prática da verdadeira solidariedade não for somente letras em cartazes e frases ditas e rabiscadas nas pautas diárias do dia a dia , mas uma realidade compartilhada diariamente por um povo.