Denunciar ou viver.
Muitos recusaram a ler as linhas que escrevemos, por entender que se trata de um caso particular; não se tratando de uma festa, não interessa! Perdem a oportunidade de refletir uma questão social, que não chegando hoje à própria casa, pode chegar amanhã. Coerente será irmanar-se numa corrente social visando evitar a metástase!
Nossa saga revelou o quanto Alagoas é despreparada para garantir cidadania. Que as instituições estão preguiçosas e viciadas; servindo mais precisamente à destruição que à recuperação da vida e da dignidade. Que existe uma teia de proteção em volta delas, enquanto o cidadão fica desprotegido. Frágil.
Aprendemos sobre a nobreza de alagoanos ameaçados de morte, como Seu Sebastião, que aguerrido na busca por justiça conseguiu abalar o “quase” inatingível Cabo Luiz Pedro. Um pai exemplar na luta contra um gigante que assusta criancinhas na parte alta de Maceió. Um caso particular? Não! A única particularidade é a coragem do guerreiro Sebastião! Hoje uma insígnia alagoana, mas um homem de nome marcado. Como compreendo sua solidão!
O exemplo de Nara Cordeiro, exibindo fotos no centro de Maceió, todas as quintas-feiras, num protesto silencioso, falando o muito da sua dor, da sua indignação, do empenho contra representações blindadas de criminosos de elite. Luta registrada, contudo, personalidade marcada. Como compreendo sua solidão!
O preço por exigir cidadania, defender a vida, cobrar direitos, tem sido o rótulo e o isolamento. Alagoas não perdoa. A sentença para quem perde e grita é perder mais. O condicionamento imposto não prevê protesto.
Toda a estrutura trabalha na proteção do status quo. Não importa qual discurso esteja em alta, por baixo dos papéis, o resultado será produto de um esquema antigo, há muito montado.
Assim, quando constatamos que em nossa terra facilmente se destrói e jamais se resgata, apontamos para um risco maior a ameaçar a cidadania, a liberdade e vida. As políticas da morte fortaleceram os mecanismos de criminalização das vítimas. Não há defesa para quem tombar. Muitos são os assassinos no pano de fundo de cada crime. Escondem-se na barra da estrutura, e trabalham para apagar os rastros e as culpas de quem mata.
Que Deus absolva as vítimas!
Escrito por Ana Cláudia Laurindo às 22h47 16/02/2011