As províncias de Maputo e Niassa estão a ser assoladas por um vírus chamado “peste suína africana” desde os meados de Outubro passado. Segundo a Direção Nacional dos Serviços Veterinários, até este momento 290 suínos morreram, dos quais 81 por contaminação e os restantes foram abatidos por receio de disseminarem a epidemia.
O chefe do Departamento de Epidemiologia, na Direcção Nacional dos Serviços Veterinários, Baltazar Macucule, disse ao @Verdade que este vírus constitui preocupação para o setor da agropecuária no país porque não tem cura.
De acordo com o nosso interlocutor, a maior parte da criação suína em Moçambique é assegurada por famílias sem meios de prevenção de vírus e outras doenças que afectam os animais, nem de condições para montar um sistema de biossegurança, embora a actividade seja desenvolvida em moldes extensivos.
Em Outubro, explicou Macucule, a peste suína em África foi detectada em duas províncias, nomadamente Niassa, com 60 animais mortos, dos quais 16 por causa desta doença e 44 foram abatidos devido ao receio de propagar a contaminação.
A segunda província foi a de Maputo, onde no distrito de Marracuene dos 230 animais mortos, 75 estavam contaminados e 155 foram abatidos para evitar a disseminação da peste.
Baltazar Macucule acrescentou que para evitar que a epidemia se alastre, os focos de contaminação foram isolados e é proibida a saída e entrada de animais em Maputo e Niassa. Está também em curso a desinfecção e pulverização de pocilgas de modo a eliminar as bactérias.
Em relação à província de Maputo, os dados até então tornados públicos são preliminares porque ainda se suspeita que existam mais pocilgas infectadas.
“Esta é uma doença que afecta maioritariamente cerca de 80 a 90 porcento de criações familiares por ano, principalmente nas províncias com grande potencial, tais como Gaza, Inhambane, Maputo e Niassa.
Muitos criadores mostram-se incapazes de construir pocilgas que garantam uma monitoria constante do quadro clínico dos seus animais”.
No passado, segundo aquele responsável, a criação de suínos em regime extensivo ou aberto foi um dos grandes factores que concorreu para que muitos produtores em moldes industriais decretassem a falência em Moçambique.
Esta é uma forma de criação que permite que os animais se desloquem de um ponto para o outro e, em caso de contaminação, transportam vírus.
Apesar das dificuldades existentes para estancar a propagação deste tipo de peste, o Governo aposta na intensificação das campanhas de sensibilização dos produtores sobre as maneiras de prevenção, disse Macucule, para quem a alternativa encontrada para colmatar a situação foi a criação de uma zona franca, na qual se possa produzir suínos em quantidades industriais.
Refira-se que neste momento as famílias ou os camponeses que se dedicam à criação de suínos para a subsistência familiar e comercialização deverão ficar, temporariamente, sem exercer essa actividade.
Para saber mais sobre a peste suína africana, doença altamente contagiosa e letal entre suínos, causada por um Iridovirus (família Asfarviridae), acesse: