O governo de Alagoas voltou a negociar em separado com especialistas de algumas áreas essenciais aos serviços de urgência e emergência e passou a pagar a esses médicos uma remuneração de R$ 12 mil, compatível com a média salarial do Nordeste. O problema é que a diferença em relação aos salários dos demais especialistas é paga em forma de gratificação, o que quer dizer que o médico não tem como saber até quando vai receber o valor acordado. As gratificações são vulneráveis e podem ser retiradas a qualquer momento, sem aviso prévio. Quem trabalha no Estado sabe disso. Principalmente médicos que já fizeram esse tipo de negociação.
Os médicos do Estado estão recebendo muito mal. O governo mostra que não tem vontade política para resolver o problema de forma definitiva, o que aconteceria com a implantação do PCCV da categoria. Conceder gratificação para melhorar a remuneração de algumas especialidades, enquanto as demais continuam com salário irrisório, é como tentar a pagar um incêndio de grandes proporções com um extintor.
Cirurgiões gerais, clínicos, ortopedistas, pediatras e todos os demais profissionais dos serviços de urgência e emergência que continuam com o salariozinho de sempre estão cada vez mais insatisfeitos e desestimulados. Estão no limite da paciência e fazem planos de deixar o Estado, caso essa situação não mude logo. Nos últimos cinco anos, 45% dos médicos efetivos da rede estadual pediram demissão. Até o final de 2013, outros 200 médicos que já completaram ou estão em vias de completar 25 anos na rede estadual terão se aposentado. Como o governo pretende manter serviços como o HGE, Santa Mônica, UE do Agreste e todos os outros que precisam de muito mais do que apenas o trabalho de dois tipos de especialistas?
O Sinmed não é contra os médicos que negociaram com o governo e estão ganhando R$ 12 mil. É um salário digno que deveria ser estendido a toda a categoria, mas não em forma de gratificação. O Sinmed quer uma lei que institua um PCCV para os médicos da rede estadual, que remunere dignamente e valorize a classe médica. Esse negócio de pagar bem a alguns e deixar a maioria com um salário vil não vai dar certo. O governo precisa entender que isso não tem como funcionar.
Amanhã (12), a diretoria do Sinmed voltará a se reunir com o secretário da Saúde, Alexandre Toledo, para, mais uma vez, cobrar a implantação do PCCV e informar que está mobilizando a categoria para lutar pelo plano de carreira. Na última semana de novembro, o Sindicato realizará uma assembleia geral com os médicos do Estado para decidir as estratégias de luta. Os médicos já avisaram que querem fazer greve. Provavelmente, é isso que vai acontecer, caso o governo não envie o projeto de lei do PCCV para a Assembleia Legislativa, até o final deste mês.