Os médicos estão firmes na greve, apesar da Justiça ter decretado a ilegalidade do movimento. A categoria tentou evitar a paralisação, reivindicando e negociando, através do Sinmed, a implantação do PCCV e a realização de concurso público para suprir as carências da rede de saúde. Os médicos decidiram parar porque não aguentam mais os baixos salários, a sobrecarga e a falta de condições éticas de trabalho. Eles acham que a implantação do PCCV, nos termos em que vinha sendo negociado, melhoraria os salários e abriria a expectativa de realização de concurso com chances reais de recrutamento do pessoal necessário.
Mas o Governo não pensa assim. E como não prioriza a saúde pública, trata a classe médica de forma desrespeitosa. Não enviou o PCCV à Assembleia Legislativa, mesmo depois de negociar por dois anos com o Sinmed. O projeto negociado até duas semanas atrás está longe de atender à expectativa da categoria. Mesmo assim, diante da situação atual dos médicos, seria acatado por representar melhorias. Ocorre que o Governo não quer dar nada aos médicos. Alega que concedeu um aumento de 54%, mas não informa qual foi a base desse percentual e nem diz que se trata de gratificação que pode ser retirada a qualquer momento.
O que os médicos querem mesmo – e existe uma luta em nível nacional nesse sentido – é ter uma carreira de Estado, como têm os juízes, promotores de Justiça, procuradores de Estado, etc. Essas categorias são bem remuneradas, têm carga horária fixa, conforto e segurança nos gabinetes onde atuam e podem se dar ao luxo de ter um só emprego.
Os médicos de Alagoas, que reivindicam apenas um PCCV, ganham mal e trabalham demais, porque faltam médicos para suprir a demanda da rede. O médico é proibido de deixar o posto de trabalho no fim do plantão, caso um colega não se apresente para rendê-lo. Como o Estado não tem médicos suficientes para cobrir todas as escalas nas unidades de atendimento, a “escravização” dos profissionais é comum.
Por que faltam médicos na rede pública? Porque os salários são baixos; porque, nos últimos cinco anos, mais de 40% dos médicos efetivos já pediram demissão; porque o Governo não valoriza, não respeita e nem reconhece a importância desses profissionais para os serviços de saúde.
Desde terça-feira (11), o Sinmed está sujeito à multa diária de R$ 50 mil por dia parado dos médicos em greve. Reunida em assembleia, a categoria decidiu pela greve e se mantém firme. O Governo só tem uma coisa a fazer: enviar, com urgência, o projeto de lei do PCCV para a Assembleia Legislativa e negociar sua aprovação, para sancioná-lo rapidamente.
A categoria não vai aceitar abonos, gratificações, bolsas e nem outro tipo de penduricalho. Se o Governo quiser por fim à greve, vai ter que implantar o PCCV e convocar concurso público para o início de 2013. E se resolver radicalizar acionando a Justiça para ameaçar, bloquear contas e mandar prender, os médicos se demitem – o que é um direito que todo servidor público tem, assegurado constitucionalmente, assim como o direito de fazer greve.
Segunda-Feira (17), às 19 horas, o Sinmed volta a reunir os médicos do Estado em assembleia geral, no auditório da sede, para avaliar a paralisação e passar informes.