Caso confirmado de Sarampo, Genótipo D8, residente em Bauru e histórico de deslocamento internacional
O Estado de São Paulo (ESP) não apresenta circulação endêmica do
vírus do sarampo desde o ano 2000. Em 2011, foram registrados 27
casos de sarampo, sendo que 18 deles estiveram envolvidos em 2 surtos,
que evoluíram em ambiente escolar.
O primeiro caso de 2011 teve início de sintomas no final de janeiro 2013 e apresentou histórico de deslocamento para a Flórida, EUA. A
maioria dos casos (n=23) ocorreu a partir de agosto e o último caso
no ESP teve início do exantema em 25 de dezembro de 2011. Não houve
registro de casos confirmados de sarampo em 2012, no ESP.
Em 2 de janeiro de 2013, foi notificado um caso suspeito de sarampo
residente no município de Bauru/SP, com histórico de deslocamento
internacional para a Flórida, EUA, em dezembro de 2012, que
apresentou sorologia reagente para sarampo na primeira amostra
(2/1/2013).
Trata-se de adulto jovem de 20 anos, com quadro de febre (25/12/12),
exantema (30/12/12), tosse, coriza, conjuntivite, diarreia e
prostração. Em 21/1/13, o resultado da RT-PCR e sequenciamento
processados na Fiocruz resultaram positivo para sarampo, Genótipo D8,
circulante na Inglaterra e tem sido detectado em outros países,
inclusos EUA,Canadá e China.
Em 09/1/2013, um viajante residente em Minas Gerais do voo de retorno,
apresentou exantema e febre. Em 10/1/2013, dois comunicantes
familiares que acompanharam o primeiro caso, também, evoluíram
sintomáticos. Todos os casos seguem em investigação para conclusão
diagnóstica.
Sarampo no mundo
Em 2012, a circulação do vírus do sarampo na Europa retornou aos
níveis observados anteriormente a 2010 e 2011, com registro de cerca
de 7.000 casos. A maioria deles (94%) ocorreu na França, Itália,
Romênia, Espanha e Reino Unido, sendo metade em menores de 1 ano de
idade. Não houve mortes relacionadas ao sarampo em 2012 na Europa,
mas 10 casos evoluíram com complicação neurológica. Em 2013,
rumores indicam circulação mais intensa regional do vírus do
sarampo no Reino Unido.
A circulação endêmica do vírus do sarampo se manteve na África,
Ásia e Oceania. Em 2013, há informação de aumento do número de
casos, incluindo óbitos, no Congo, Uganda e Paquistão.
Em 2011, houve um número recorde de casos nas Américas em 10 anos:
1.310 casos, sendo 43 deles no Brasil. O continente americano
confirmou 135 casos de sarampo em 2012, importados ou relacionados à
importação.
Houve registro de sarampo no Equador (n=68), Estados Unidos (n=39),
Canadá (n=9), além da Colômbia, Brasil, Venezuela e Argentina, com
um caso identificado em cada um deles (6). Em 2013, até o momento,
não há registro de casos confirmados nesta região.
Alerta no estado de São Paulo
O ESP tem como característica intenso e diário trânsito
internacional, interestadual e intraestadual de pessoas. Em algumas
semanas inicia-se o período de retorno das férias de verão e o
início das aulas. Em julho [2012], o ESP receberá cerca de 40.000
peregrinos que participarão da Jornada da Juventude Católica.
Desta maneira, é importante que todos mantenham sua situação
vacinal atualizada, de acordo com o calendário estadual de
vacinação, notadamente os profissionais do setor da saúde, da
educação e do turismo.
A cobertura vacinal (CV) no Estado de São Paulo para a vacina
sarampo, caxumba e rubéola (SCR), em 2012, (dados provisórios até
19/12/2012) é de 99,79% e uma homogeneidade de 67,91%. A CV no GVE XV
Bauru é de 103,69% e uma homogeneidade de 71,05%. A CV no município
de Bauru é de 111,31%. A CV da Campanha da Rubéola que foi realizada
em 2008 para as pessoas entre 20 e 39 anos de idade no ESP foi de
94,59%, homogeneidade de 56,12% e no GVE Bauru a CV foi de 87,46% e
homogeneidade de 50%. No município de Bauru foi de 79,14%.
A primeira dose da vacina SCR é aplicada aos 12 meses de idade e uma
segunda dose entre 4 e 6 anos de idade. É importante ressaltar que é
considerada válida como primeira dose, aquela aplicada a partir dos
12 meses de idade. A segunda dose está indicada para as pessoas até
19 anos de idade. Para os adultos não vacinados, a vacina SCR está
indicada para os nascidos a partir de 1960.
Recomendações às Vigilâncias Regionais e Municipais de Saúde:
Alertar seus equipamentos públicos e principalmente privados
(unidades de saúde de baixa, média e alta complexidade), por todos
os meios de comunicação possíveis, para que os profissionais de
saúde tenham especial atenção aos casos suspeitos de doença
exantemática. Estes devem ser imediatamente notificados e
investigados para verificar se são casos suspeitos de rubéola e/ou
sarampo.
Ações a serem desencadeadas pelas Secretarias Municipais de Saúde
frente à detecção de casos suspeitos de sarampo:
- proceder a notificação imediata, em até 24h, à Secretaria de
Estado da Saúde;
- proceder a coleta de espécimes clínicos (sangue, secreção
nasofaríngea e urina) para a realização do diagnóstico
laboratorial, encaminhando ao laboratório de referência no ESP
(Instituto Adolfo Lutz);
- adotar as medidas de controle (bloqueio vacinal seletivo frente aos
casos suspeitos e sua ampliação na presença de sorologia
reagente);
- orientar isolamento social.
Recomendações adicionais:
reforçar o monitoramento da cobertura vacinal, da vacinação de
rotina, a busca de faltosos, a vacinação de bloqueio, identificando
onde estão os possíveis suscetíveis;
- buscar a integração do setor público/privado (NHE, CCIH,
laboratórios) para a uniformidade da notificação e de sua
importância para a deflagração das medidas de controle;
- fortalecer a vacinação dos profissionais de saúde (médicos,
enfermeiros, dentistas e outros);
- fortalecer a vacinação dos profissionais da educação;
- alertar os viajantes e aos participantes de eventos de massa sobre a
necessidade de assegurarem suas vacinas atualizadas, antes de viajar
ou do início do evento (preferencialmente 15 dias antes);
- reforçar a vacinação de profissionais que atuem no setor de
turismo, funcionários de companhias aéreas, de transporte
rodoviário, motoristas de táxi, funcionários de hotéis e
restaurantes, e outros que mantenham contato com viajantes;
- orientar ao viajante que retorna: se apresentar febre e exantema
evitar o contato com outras pessoas, até que possa ser avaliado por
um profissional da saúde e procurar imediatamente serviço médico,
informando o trajeto de sua viagem, no sentido do esclarecimento
diagnóstico e tratamento adequado.
(Documento elaborado pela Equipe Técnica da DDTR/CVE/CCD/SES-SP, em
15/1/ 2013 e atualizado em 21/1/2013, São Paulo/Brasil).
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