O Sinmed não acredita mais numa solução para o problema salarial dos médicos da rede pública estadual, a não ser que os grevistas adotem uma postura mais dura para convencer os gestores de que estão mesmo dispostos a deixar o Estado em busca de uma remuneração decente. O governador deixou claro na reunião mediada pelo presidente do Tribunal de Justiça, desembargador José Carlos Malta Marques, terça-feira passada, que não vai resolver o assunto. Disse que conversaria com seus secretários da Saúde e da Administração, para que eles resolvessem. Que eles procurariam o Sinmed para dar sequencia à negociação.
Em conversas de bastidores, a diretoria do Sinmed soube, depois da reunião no TJ, que o governador já havia conversado com os dois secretários, que foi ao encontro do Sinmed apenas para ouvir o que já sabia. O presidente do Sinmed, Wellington Galvão, até tentou sensibilizar o governador, que permaneceu calado a maior parte do tempo, prometendo no final conversar com os secretários. A conversa pareceu proveitosa. Essa impressão, porém, durou pouco. Informações que chegaram durante a semana ao Sinmed foram desanimadoras.
Na verdade, não há – como nunca houve - por parte do governo nenhum interesse em resolver o problema salarial dos médicos. Também não existe – como nunca existiu - a mínima preocupação com a evasão de médicos da rede pública. Da mesma forma, se houvesse interesse em melhorar as condições de assistência à população, isso já teria sido feito – afinal, a atual gestão completou seis anos. Como nada foi feito, foram seis anos de abandono da saúde, da população e dos médicos.
Dava tempo de ter construído e colocado em funcionamento pelo menos um novo pronto socorro na parte alta da cidade e mais uma maternidade para desafogar a Santa Mônica. Mas aconteceu o contrário: os leitos na rede pública estadual foram reduzidos e não poderia ser de outra forma, uma vez que o número de médicos em atividade, nos últimos seis anos, caiu pela metade.
Quando a Santa Mônica voltou a ocupar espaço na imprensa, no último final de semana, por causa da superlotação, o governo anunciou a ampliação do número de leitos. Mas para funcionar como? Com que obstetras? Anestesistas? Pediatras? Os que restam já estão sobrecarregados. Não adianta abrir leitos se não tem médicos. Não adianta tentar contratar médicos oferecendo um salário vil, porque a evasão de médicos decorre justamente do baixo salário.
Mas será que ainda existe alguma forma de pressionar o governo a implantar o PCCV e realizar concurso público? Ou é mesmo melhor que os médicos continuem buscando emprego em outros estados até que não restem mais médicos em quantidade suficiente para manter serviços como o HGE e Santa Mônica funcionando? Esses tópicos vão à discussão amanhã, a partir das 19h, na assembleia geral da categoria, na sede do Sinmed.
Na plenária, a diretoria vai dar detalhes da reunião da manhã de sexta-feira, 25, com os cirurgiões na Sesau e também do encontro com o governador no TJ. Além disso, tem também as conversas de bastidores de que o Sinmed tomou conhecimento depois da audiência no Tribunal.