Sem data para volta de Chávez, venezuelanos lembram 55 anos de democracia
O movimento chavista e a oposição convocaram mobilizações para esta quarta-feira, dia 23 de janeiro, data que marcou em 1958 o fim da última ditadura no país, e que amanhã será lembrada sem a presença de Chávez, que devido a seu estado de saúde não pôde tomar posse no último dia 10 para seu novo mandato.
"Ainda não está prevista uma data de seu retorno", afirmou o ministro de Comunicação, Ernesto Villegas, após um conselho de ministros realizado hoje e no qual, segundo disse, foi divulgado pelo ministro de Ciência e Tecnologia e genro de Chávez, Jorge Arreaza, um relatório "muito encorajador" sobre a evolução da saúde do presidente, de 58 anos.
O governante viajou em 10 de dezembro a Havana para se submeter a sua quarta operação nos últimos 18 meses devido à reincidência de um câncer cujo tipo ou localização exata não foram confirmados oficialmente.
Villegas declarou que Chávez "está atento ao desenvolvimento dos eventos na Venezuela", e que lidou com "integridade e força espiritual e física" uma "batalha dura" e "complexa" desde a intervenção cirúrgica realizada em 11 de dezembro.
O vice-presidente venezuelano, Nicolás Maduro, que está interinamente no poder, disse ao se referir ao governante que "não há pressa" para que ele volte ao país, mas destacou "grandes avanços" em seu processo de recuperação.
"O senhor, comandante Chávez, mantenha-se disciplinado e tranquilo, aqui não há pressa, está tudo tranquilo, aqui o que há é a importância de que o senhor se recupere com qualidade", afirmou Maduro durante uma visita a uma fábrica de computadores e transmitida pela televisão.
Maduro, no entanto, não explicou quais foram esses avanços quanto ao estado de saúde do presidente.
Já o ministro de Comunicação lembrou que Chávez se reuniu na segunda-feira em Havana com seu novo chanceler, Elías Jaua, e trocaram "impressões sobre o desenvolvimento dos eventos no país".
"Ele estava com muito bom ânimo, brincou com o chanceler Elías Jaua e está muito a par da situação na Venezuela", acrescentou Ernesto Villegas.
O ministro convocou o movimento chavista a se mobilizar amanhã para comemorar o 55º aniversário da queda da ditadura de Marcos Pérez Jiménez e "ratificar o apoio" a Chávez e à revolução que lidera desde 1999.
"Todos a marchar maciçamente neste 23 de janeiro, lá estarão os ministros e ministras do comandante Chávez, acompanhandod do povo venezuelano", declarou.
Villegas disse que a ditadura de Pérez Jiménez, que acabou em 23 de janeiro de 1958, foi a penúltima do país e disse que a "última" foi a liderada pelo empresário Pedro Carmona, em 11 de abril de 2002, quando liderou o governo formado durante um golpe de Estado que tirou Chávez do poder por cerca de 48 horas.
A oposição, por sua vez, anunciou que se concentrará amanhã em um parque do leste de Caracas em um ato de "maior conteúdo político" do que a manifestação que estava prevista inicialmente contra o aval do Tribunal Supremo (TSJ) pelo atraso da posse presidencial e a continuidade do governo.
O dirigente opositor Carlos Vecchio, do partido Vontade Popular, afirmou à Agencia Efe que a aliança Mesa da Unidade Democrática (MUD) participará deste ato, que contará com um discurso de seu secretário-geral, Ramón Guillermo Aveledo.
Também está previsto que compareçam ao ato os três governadores opositores, o ex-candidato presidencial e governador de Miranda, Henrique Capriles; Henri Falcon, do estado de Lara; e Liborio Guarulla, do Amazonas.
O Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) opinou no dia 9 deste mês que Chávez podia tomar posse depois do dia 10 de janeiro e que seu primeiro governo estava liberado para continuar além dessa data. A presidente do TSJ, Luisa Estella Morales, declarou ontem que a corte está à espera de que o presidente relate que está "em condições" para comparecer.
EFE