Na última quinta-feira, os médicos da rede estadual completaram 122 dias de paralisação nos serviços de saúde que não envolvem risco de morte. O Sinmed promoveu um café da manhã e convocou a imprensa para contar que não houve negociação e não se vislumbra o fim do movimento.
Os dirigentes do Sindicato também fizeram um relato da audiência, no dia anterior, com o Senador Renan Calheiros (PMDB), em Brasília, e comentaram o novo pronunciamento do Senador Fernando Collor (PTB), que voltou a cobrar uma solução para a greve na tribuna do Senado Federal. Finalmente, a imprensa foi informada da audiência que ocorreria naquela tarde com procuradores do Ministério Público de Contas de Alagoas.
Além da imprensa e dirigentes sindicais, médicos grevistas participaram do evento, que teve boa repercussão e uma avaliação positiva da diretoria. Na assembleia geral de amanhã (15), às 19 horas, Sindicato e grevistas vão deliberar sobre novas atividades da greve.
AUDIÊNCIA NO SENADO
Quarta-feira passada o Sinmed foi recebido pelo Senador Renan Calheiros (PMDB), em Brasília. A audiência foi pedida por decisão de assembleia, segundo a estratégia de buscar apoios para fortalecer o movimento da categoria.
O Senador Calheiros recebeu muito bem o presidente do Sinmed, Wellington Galvão, e a diretora Edilma Barbosa. Ficou com uma cópia do relatório sobre o caos das emergências públicas e também recebeu um exemplar da Gazeta de Alagoas com a reportagem sobre o HGE.
Informado da recusa do governo em negociar as reivindicações da categoria e da alegação de falta de recursos, disse que conversaria com o governador e também procuraria o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, para discutir o assunto. O Senador Renan Calheiros ficou de entrar em contato com o Sinmed assim que tiver respostas sobre esses encontros.
DESAFIO DE COLLOR
O Senador Fernando Collor (PTB) voltou a cobrar, da tribuna do Senado, na última quarta-feira, uma solução para a greve dos médicos de Alagoas. Collor fez mais um duro discurso denunciando o caos na saúde pública, o péssimo tratamento que o governo dispensa aos servidores (citou também policiais e educadores) e desafiou o governador a retomar o diálogo com o Sinmed.
Collor defendeu a reivindicação dos médicos e criticou a condução que o governo dá ao caso. "O Hospital Geral do Estado (HGE) está em situação de penúria, os médicos estão em greve, a reivindicação é justa, mas o governador prefere investir na judicialização da relação com o Sindicato dos Médicos."
No final de fevereiro, Collor já tinha levado o assunto ao Senado. Em março, ele participou de uma assembleia no Sinmed, procurou o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, conseguiu uma audiência para o Sindicato e acompanhou os representantes da categoria na reunião.
DENÚNCIA AO MP DE CONTAS
Na tarde da última quinta-feira o Sinmed foi recebido em audiência no Ministério Público de Contas de Alagoas. Participaram da reunião o subprocurador e procurador-chefe substituto, Rafael Rodrigues de Alcântara, o corregedor do MPC, Ênio Andrade Pimenta, e o procurador Ricardo Schneider. Eles receberam do presidente do Sinmed, Wellington Galvão, um pedido oficial de investigação de contratações irregulares de médicos pelo governo do Estado.
Os procuradores foram informados da greve da categoria e os motivos que levaram os médicos a paralisarem as atividades, sobre a prática antiga do governo de contratar prestadores de serviços de boca e da substituição de médicos efetivos por cooperativas. O documento entregue pelo Sinmed contém outras denúncias, que também deverão ser investigadas.
Todos os documentos com denúncias encaminhados pelo Sinmed ao Ministério Público Estadual, Ministério Público do Trabalho, Tribunal de Justiça e outras instituições serão encaminhados ao Ministério Público de Contas, a pedido dos procuradores. Eles disseram que entrarão em contato com o MPE e MPT para saber da possibilidade de um trabalho conjunto nas investigações.
O presidente do Sinmed, Wellington Galvão, e a diretora Edilma Barbosa ficaram satisfeitos com o resultado da audiência e a expectativa é que, desta vez, as denúncias contra o governo do Estado sejam investigadas. O Sindicato quer que as contratações irregulares sejam coibidas e que o governo promova concurso público.