O vereador Wilson Júnior (PDT) abriu o verbo e lançou o desafio ao governador Teotonio Vilela Filho (PSDB). Em entrevista publicada na Gazeta de domingo, o parlamentar trouxe de volta a Operação Navalha, aquela que resultou na denúncia contra o governador e outras pessoas feitas pelo Ministério Público Federal.
Acusado de receber dinheiro da construtora Gautama, do empresário Zuleido Veras, que chegou a ser preso pela Polícia Federal, o governador de Alagoas deveria ser julgado no Superior Tribunal de Justiça (STJ). Está denunciado formalmente pelo MPF.
O tucano deveria ser julgado, mas, para isso ocorrer, a Assembleia Legislativa precisa autorizar o STJ a tocar o processo. Os deputados já se pronunciaram, negando essa autorização. Desse modo, o caso fica paralisado.
Wilson Júnior desafia Vilela a abrir mão do manto protetor, com um argumento milenar: “Quem não deve não teme”. Só que o governador se cala. Até agora, não se pronunciou e nem mandou qualquer recado ao parlamentar. Pelo visto, vai continuar como sempre esteve desde que estourou o escândalo, preferindo o silêncio.
A Assembleia e o governo mantêm uma relação estreita – e talvez não muito saudável para o Estado. O Palácio tem aliança inquebrantável com os nomes que controlam a Mesa Diretora.
Por seu lado, o governador tem sido generoso ao extremo com os repasses do duodécimo para o Parlamento. As suplementações, que viraram procedimento rotineiro, ajustam as contas a cada mês, a cada ano.
A sociedade poderia ver um elo entre a blindagem que a Assembleia dá ao tucano e a disposição – digamos, orçamentária – do Palácio República dos Palmares.
Mas esse clima pode mudar, pelo menos no que tange à Operação Navalha. A Procuradoria-Geral da República está convencida da ilegalidade dos artigos da Constituição Estadual de Alagoas que exigem autorização dos deputados estaduais para julgamento de Vilela pelo STJ. A mesma posição tem o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, que chamou a manobra da ALE de imoral e ingressou com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade no Supremo Tribunal Federal (STF) para garantir a abertura de processo contra o governador. Falta apenas a elaboração do voto do relator para que ela siga para votação no plenário do STF.
Vamos aguardar.