Qui, 17 de Outubro de 2013 18:46
A World Medical Association (WMA), entidade com sede na França e criada após a Segunda Guerra Mundial com o objetivo de promover a ética na medicina, está preocupada com a qualificação dos médicos importados pelo governo brasileiro pelo programa Mais Médicos. O assunto foi debatido em sessão do Conselho da Associação, realizada no começo deste mês de outubro, e foi tema de nota divulgada em meados de setembro pelo presidente da entidade, Mukesh Haikerval. Quem também critica o programa é a Confemel (Confederação Médica Latinoamericana e do Caribe).
A WMA está preocupada com as informações de que médicos brasileiros estão sendo demitidos de seus cargos para dar lugar aos recém-contratados pelo programa, da falta de competência lingüista dos intercambistas e quanto ao fato de o pagamento ocorrer por bolsas.
“Para ajudar os mais desfavorecidos, o governo brasileiro deveria ter aumentado seu investimento no sistema de saúde público, que é baixo em comparação a outros países com sistemas universais de saúde pública; melhorar a estrutura de saúde e apoiar médicos brasileiros para que eles possam se fixar nessas áreas remotas, em vez de empregar profissionais, cujas competências permanecem questionáveis”, afirmou Haikerval na nota (leia aqui matéria publicada no site da WMA sobre o texto).
O presidente da WMA argumenta que o governo brasileiro deveria submeter os médicos estrangeiros ao Revalida e avaliar o conhecimento lingüístico deles, e não criar “dois sistemas médicos no Brasil: um para aqueles que podem pagar e outro, menos qualificado, para os mais pobres da população".
Confemel - Além da WMA, a Confemel, reunida no final de agosto no Paraguai, aprovou moção de apoio aos médicos brasileiros (leia aqui). A entidade afirma que a medida provisória 621/13 procura desviar o foco sobre o problema do subfinanciamento da saúde, ao mesmo tempo em que busca responsabilizar a categoria médica pela falência na assistência.
Para se contrapor a essa situação, a Confemel recomenda que os médicos continuem “corajosamente a defender assistência universal, integral, solidária e igualitária, com respeito aos direitos humanos da população e aos direitos trabalhistas dos profissionais.” Também aconselha que as entidades denunciem aos organismos internacionais a exploração política da assistência à saúde e acionem a Justiça contra qualquer violação dos direitos trabalhistas.
“Os posicionamento da WMA e da Confemel são importantes, pois mostram que há uma preocupação internacional com esse movimento do governo brasileiro de trazer milhares de médicos estrangeiros para atender a população mais carente do Brasil, sem que para tanto tenham de passar por qualquer exame comprobatório de suas capacidades técnicas. Fato, aliás, que já ocorreu na Venezuela e na Bolívia”, argumenta o presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM), Roberto Luiz d´Ávila, que representou a entidade na assembleia da Confemel realizada em agosto.
FONTE:CFM