Unidade de saúde da Maringá é atendida por um profissional do programa Mais Médicos, do governo federal (Foto Juliano Mendes/A Razão) |
A Secretaria Municipal de Saúde de Santa Maria convalesce de uma doença crônica. Embora seja uma das pastas com maior orçamento do município, ela sofreria com a falta de um comando permanente, segundo avalia a presidente do Conselho Municipal de Saúde, Rosa Wolf.
Nos cinco anos do governo de Cezar Schirmer (PMDB), já passaram por lá quatro secretários. O último deles foi Vanoir Koehler, que teve uma gestão meteórica de quatro meses e saiu sem esconder sua frustração por não poder fazer mais devido à burocracia que atrasaria investimentos no setor.
A grande estrutura, com cerca de 700 servidores, e os inúmeros serviços administrados pela secretaria provocam, às vezes, dificuldade até mesmo de comunicação interna. Foi o que teria ocorrido ontem no posto de saúde da Vila Maringá. Os pacientes que foram consultar com o médico cubano que atua na unidade, Carlos Alberto Pons Ortega, ficaram sem atendimento. O motivo, segundo o secretário de Saúde interino, Júlio Nunes, foi que o profissional havia sido dispensado para tratar de sua mudança, já que é novo na cidade.
O problema é que o posto de saúde não tinha um substituto. Conforme Nunes, nesta época há muitos médicos do município em férias e se torna difícil fazer trocar de escalas. As consultas de ontem foram adiadas para hoje, entre 8h e 16h, horário em que Ortega atende na unidade da Vila Maringa.
Sem almoço – O mesmo médico cubano, que chegou há pouco mais de um mês a Santa Maria por meio do programa Mais Médicos, do governo federal, conheceu de perto os efeitos da burocracia. Após uma semana na cidade, ele teria procurado o Conselho Municipal de Saúde para dizer que não recebia almoço e jantar, como previsto aos profissionais do programa. Rosa Wolf diz que Ortega ficou esse período apenas com o café da manhã servido no hotel onde esteve hospedado até ontem.
Rosa defende que o chefe da Saúde deve ser alguém que conheça o assunto e possa se dedicar integralmente ao setor. Deve ser alguém permanente, independentemente de governo. Hoje o cargo é ocupado por indicação partidária. Além disso, o secretário deverá ter “carta branca” para definir os investimentos. “Se não tiver carta branca, não vai funcionar”, aponta Rosa.