No dia 21 de dezembro de 2013, o portal de notícias venezuelano El Universal publicou uma reportagem sobre a fuga de cubanos que desertaram de vários programas sociais em que trabalhavam. Cerca de seis mil deles, a maioria médicos, foram para os Estados Unidos. De acordo com a reportagem, esse número representa um incremento de 60% em relação a 2012. Até aquele ano, cinco mil médicos e enfermeiras cubanos, procedentes de vários países, estavam refugiados em território americano. Em primeiro de dezembro do ano passado, esse número chegou a oito mil, sendo 98% deles procedentes da Venezuela.
As informações foram passadas pelo médico cubano Julio César Alfonso, presidente da Solidariedade Sem Fronteira (SSF), organização sediada em Miami, na Flórida, que presta ajuda aos médicos cubanos que desertam de programas que “Havana vende como ‘economia de serviços’ por todo o mundo”, conforme diz o texto. A Venezuela concentra o maior contingente de profissionais de saúde cubanos que prestam serviços no país graças a um convênio firmado entre Caracas e Havana em 2003.
Nos EUA, os cubanos justificam a debandada pelas péssimas condições que enfrentam na Venezuela, como os baixos salários, o atraso do pagamento e carga de trabalho excessiva nos módulos do programa “Barrio Adentro” (similar do Mais Médicos), que eles denunciam como um “sistema de escravidão moderno”, conforme relato do diretor da SSF.
“Aos médicos pagam uns 300 dólares diretamente, mas ao Estado cubano a Venezuela honra o prometido de 6.000 dólares por cada profissional. Ou seja, eles não recebem nem 10% dos benefícios econômicos”, reclamou Julio César Alfonso. De acordo com ele, esses profissionais, e qualquer outro cubano que trabalhe em missões de saúde no exterior, podem pedir um visto humanitário aos EUA. Trata-se do Cuban Medical Professional Parole (CMPP), criado em 2006. Quando conseguem o visto, a maioria dos profissionais vai para a Colômbia e não volta mais aos EUA. Os pedidos do visto são feitos nas representações diplomáticas americanas nos países em que os profissionais atuam. A resposta pode demorar até três meses.
Segundo o jornal “The Wall Street Journal”, citado em reportagem de 2013 da Folha de São Paulo sobre a ONG Solidariedade Sem Fronteira, 21 cubanos conseguiram o benefício no Brasil. Depois da implantação do Mais Médicos, na avaliação de Alfonso, o País começa a se converter numa nova rota de fuga para essas pessoas que não desejam retornar para Cuba.
Coluna Sinmed-AL