O vírus do ebola se espalhou por grandes zonas de África. “A atual propagação do vírus se tornou a pior desde a sua descoberta no Zaire em 1976, e os especialistas não conseguem fazer nada”, diz o alemão Bart Janssens dos Médicos sem Fronteiras. Na Europa também foram encontradas manifestações do ebola: foram detetados sintomas em pessoas que vieram de África.
Trata-se de Alemanha, Itália e Espanha. Os serviços de saúde e a polícia não confirmam que nessas pessoas foi realmente detetado o vírus do ebola. Os pacientes foram retirados dos serviços gerais de saúde e postos de quarentena. Agora eles estão sendo tratados por funcionários de departamentos especiais da polícia em roupas de proteção, que atualmente parecem estar em estado de prontidão constante.
A OMS e o seu departamento especializado para o vírus do ebola em Genebra não respondem à pergunta sobre se essa infeção realmente chegou à Europa. Os especialistas com quem conseguimos entrar em contato responderam evasivamente, salientando todos que só o serviço de imprensa pode esclarecer tudo. Mas lá ninguém nos respondeu.
No serviço de imprensa da polícia disseram que não se trata do ebola. No entanto, várias fontes na Alemanha, Espanha e Itália falam do surgimento do vírus do ebola no continente. A confirmação da presença do vírus complica-se pelo facto de que os seus sintomas serem semelhantes à malária. Estarão as autoridades europeias se esforçando por esconder a informação?
A situação em África
“A epidemia está fora de controle”, preocupa-se o diretor operacional Médicos sem Fronteiras, Bart Janssens. “Com o surgimento de novos surtos na Guiné, Serra Leoa e Libéria, o risco de propagação da infeção hoje é mais real do que nunca”.
Segundo o antigo diretor da UNAIDS e atual chefe da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres, doutor Peter Piot (este médico belga foi a pessoa que há 40 anos descobriu o vírus no antigo Zaire, atual República Democrática do Congo), o aumento da incidência parece simplesmente assustador.
O doutor Piot acredita que a epidemia atingiu proporções sem precedentes e hoje é completamente incontrolável. “Primeiro de tudo, esta epidemia ainda nunca acontecera na África Ocidental”, disse ele em entrevista à CNN, expressando preocupações sobre a continuação da propagação da doença e o aumento do número de vítimas. “Em segundo lugar, pela primeira vez a epidemia afetou logo três países. Em terceiro lugar, o vírus nunca antes havia aparecido em capitais”.
Até recentemente, a doença de facto nunca se espalhara além de áreas rurais isoladas. Peter Piot está apreensivo por o vírus poder atingir países vizinhos como o Senegal e o Mali por causa das fronteiras mal controladas (principalmente isso se deve ao comércio da população local).
“Isso causa enorme preocupação”, disse ele. “Tudo isso pode resultar numa grave crise sanitária, e por causa disso, acho eu, é necessário declarar o estado de emergência”.
A situação na Europa
Os serviços de saúde europeus não respondem a perguntas de jornalistas ou tentam minimizar o perigo. Milhares de refugiados chegam semanalmente a Lampedusa e os marinheiros italianos se esforçam por realizar inspeções minuciosas. Em 30 de junho eles relataram no Twitter um caso suspeito de doença infeciosa no navio Orione, mas as autoridades não confirmaram a presença do vírus do ebola.
O jornal Palermo relatou a descoberta de cadáveres de 30 pessoas a bordo de um navio, que provavelmente morreram de intoxicação por monóxido de carbono. Em 30 de junho jornalistas italianos também escreveram que a OMS decidiu pôr de quarentena todos os imigrantes por causa do perigo potencial da possibilidade de eles terem o vírus do ebola.
No final de junho, agentes da Guarda Civil espanhola presentes no aeroporto de Valência relataram a chegada ao de um natural da Guiné com suspeita de febre ebola. Isto é mencionado no artigo The Spain Report de 25 de junho. O guineense foi hospitalizado com sintomas semelhantes aos do ebola.
Em 13 de maio, o jornal Rhein Zeitung relatou a detenção de 30 refugiados que estavam num trem de alta velocidade vindo de Paris. Segundo relatórios, um dos passageiros apresentava sintomas de uma doença grave. Ao local vieram policiais em roupas de proteção. O serviço de imprensa do departamento de polícia de Saarbruecken disse que se tratava de um caso de malária, e que no trem viajavam naturais da Eritreia e da Síria. Eles não tinham documentos, o que torna difícil estabelecer exatamente de onde eles vieram para a Europa.
De qualquer forma, algumas fontes confirmam a presença do vírus do ebola no continente europeu. Assim, um jornal italiano observou que em abril deste ano foram registados 40 casos da doença. Em 5 de julho, numa reportagem da Euronews foi relatado o agravamento da epidemia.