Fig. 5. Smartshop |
Novas drogas associadas a novas práticas reacendem questões antigas, colocando-as de uma nova forma, à luz da complexidade inerente às sociedades contemporâneas . Num contexto de permeabilidade legislativa emergiu na viragem do milênio uma nova tendência de consumos. Influenciada por exemplos consagrados, dos quais a Holanda é caso paradigmático, surgem em Portugal os conceitos de “smartshop” e “drogas legais”. São mais de 40 as lojas abertas em território nacional, 5 anos volvidos após a inauguração da primeira, em Aveiro. Munidas de argumentos como vanguarda tecnológica e estratégias de marketing incisivas , florescem numa sociedade onde o prazer e o entretenimento assumem papel preponderante . Vendem a preços aliciantes uma ilusão de segurança, sem o estigma da ilegalidade. Recorrem a embalagens coloridas e montras apelativas, cativando adolescentes e jovens adultos. Mensagens na embalagem contraindicando o consumo humano, bem como a disponibilização para fins legais (incensos, fertilizantes ou sais de banho), salvaguardam o vendedor e contornam as autoridades sanitárias .
Relatório de 2012 do OEDT4 aponta para 49 as novas substâncias detetadas em circulação, ao longo do ano de 2011. Canabinóides sintéticos, popularizados como ambientadores herbais sob a designação de "Spice" ou “K2” , produzem efeitos semelhantes à cannabis. A “salvia divinorum”, comercializada como alucinogénio legal, as “party pills” como substituto legal do ecstasy e a “Ivory wave” no papel da cocaína são algumas das smart drugs mais usadas. A escassa consistência entre as substâncias enunciadas no rótulo e os constituintes reais e, por conseguinte, a manifesta imprevisibilidade dos seus efeitos tornam este fenómeno um perigo de saúde pública e obrigam à reflexão e atuação urgentes . Referem-se alguns dos efeitos destas substâncias nas Figs. 1, 2, 3 e 4.
Os Governos dos vários países da EU têm feito esforços inequívocos para identificar as novas drogas legais, criando projetos como Psychonaut Web Mapping Project que identifica em tempo-real novas substâncias psicoativas através da monitorização regular da internet (desde a sua criação já permitiu identificar 412 substâncias) 6 e mais recentemente com o surgimento do Recreational Drugs European Network que, entre outras medidas, criou uma plataforma de informação para profissionais de saúde, dado que 57% dos que trabalham no Serviço de Urgência afirmavam possuir conhecimentos “fracos ou básicos” sobre este tipo de substâncias
No entanto, a falta de ensaios clínicos que possam verificar os potenciais efeitos secundários e o fato de não serem detetadas nos exames disponíveis em meio hospitalar fazem com que este processo seja moroso, tornando difícil acompanhar o surgimento das novas drogas e assim impedir este potencial flagelo.
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Do original e o blog ALAGOAS REAL
Fontes:
Vítor Ferreira Leite; Carla Araújo; Paula Carriço; Manuela Fraga Interno(a) de Pedopsiquiatria do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra; Assistente Graduada de Psiquiatria do Instituto da Droga e Toxicodep