A Dengue e a Febre Amarela são doenças causadas por vírus, do grupo dos arbovírus ("arthropod-borne virus"), ou seja, vírus transmitidos por artrópodes.
A dengue encontra-se em franca expansão em diferentes países do mundo, inclusive o Brasil, causando doença nas cidades, região urbana. A dengue é uma doença febril aguda, de curta duração, causada por vírus. A pessoa pode adoecer quando o vírus da dengue penetra no organismo.
O vírus é introduzido no nosso organismo pela picada de um mosquito, Aedes aegypti, infectado com o vírus da dengue.
No Brasil, a febre amarela ocorre há muitas décadas, hoje sua transmissão está restrita ao ambiente silvestre, em algumas regiões do país, como pode ser observado no mapa.
Mapa do Brasil com as áreas de risco para febre amarela. |
A febre amarela é também doença febril aguda, acompanhada de icterícia e/ou hemorragias, em indivíduos residentes ou procedentes nos últimos 15 dias, de área de risco para febre amarela silvestre, vide mapa, sem comprovação de vacinação contra febre amarela nos últimos dez anos.
Na região silvestre, o vírus é introduzido no nosso organismo pela picada de um dos seguintes mosquitos: Haemagogus janthinomys, Haemagogus leucocelaenus ou pelo Sabethes chloropterus, infectados com o vírus da febre amarela.
No entanto, há grande preocupação com a urbanização da febre amarela e que ela venha a ser transmitida na região urbana. Isto poderá ocorrer futuramente se não tomarmos medidas enérgicas, pois o mesmo mosquito que transmite a dengue, Aedes aegypti, pode transmitir a febre amarela, na região urbana.
Os sintomas da dengue são: febre de início súbito, que geralmente dura de três a cinco dias, dor de cabeça intensa, dor na região retrorbitária (atrás dos olhos), dores musculares e articulares, perda do apetite, alterações gastrointestinais e podem aparecer manchas avermelhadas pelo corpo (exantema). A dengue pode apresentar desde a infecção assintomática, formas parecidas ao quadro gripal, até a forma grave, hemorrágica, que pode causar a morte.
Os sintomas da febre amarela são: febre de início súbito, com duração máxima de 12 dias, pulso lento em relação à temperatura, calafrios, dor de cabeça intensa, dores musculares, prostração, náuseas e vômitos com sangue escuro, comprometimento hepático e renal. Pode aparecer icterícia e hemorragias, torpor, e evoluir para o coma e a morte. A febre amarela pode apresentar desde a infecção assintomática, formas brandas, até a forma grave que causa a morte.
Tanto a dengue e principalmente a febre amarela, são doenças que podem matar as pessoas. Quando diagnosticadas e tratadas a tempo, o risco de morrer em decorrência dessas doenças diminui muito. Por isso, é muito importante que as pessoas procurem atendimento médico logo no início dos primeiros sintomas. Caso a pessoa seja portadora de alguma doença crônica, como problemas cardíacos, diabetes e outros, cuidados especiais deverão ser tomados.
Essas doenças são sérios problemas de saúde pública em todo o mundo, especialmente nos países tropicais e subtropicais como o nosso, onde as condições do meio ambiente e climática, aliadas às características urbanas favorecem o desenvolvimento e a proliferação dos mosquitos transmissores.
A pessoa que contrai a febre amarela e sobrevive, adquire imunidade contra essa doença. No entanto, em relação à dengue a pessoa pode pegar novamente, mas nunca pelo mesmo tipo de vírus, pois existem 4 tipos de vírus da dengue (sorotipos 1, 2, 3 e 4) ). Ou seja, a pessoa fica imune contra o tipo de vírus que provocou a doença, mas ela ainda poderá ser contaminada pelos outros três tipos de vírus da dengue conhecidos.
Tanto na febre amarela como na dengue, não há transmissão para outra pessoa pelo contato direto com o doente ou com suas secreções, nem através d'água e nem dos alimentos. Na pessoa picada por mosquito transmissor infectado com um desses vírus, o período de incubação varia de 3 a 15 dias, sendo em média de 5 a 6 dias.
A febre amarela é doença para a qual dispomos de vacina, produzida no país. No momento, recomenda-se a vacinação apenas para as pessoas que irão viajar para todos os estados e municípios das regiões Norte e Centro Oeste do país, para todos os municípios do Maranhão e Minas Gerais, para municípios localizados ao sul do Piauí, oeste e sul da Bahia, norte do Espírito Santo, noroeste de São Paulo e oeste dos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. A vacina deverá ser aplicada no mínimo com dez dias de antecedência à data da viagem, para que haja tempo do organismo da pessoa produzir imunidade e proteção.
Em relação à dengue, ainda não há vacina, as comunidades científicas internacionais e brasileiras estão trabalhando firmemente neste propósito. Estimativas indicam que deveremos ter uma vacina contra a dengue em cinco anos. A vacina contra a dengue é mais complexa que as demais. A dengue, com quatro vírus identificados até o momento, é um desafio para os pesquisadores. Será necessário fazer uma combinação de todos os vírus para que se obtenha uma vacina realmente eficaz contra a doença.
A melhor ação na prevenção da febre amarela e da dengue é impedir a criação do mosquito, Aedes aegypti, que freqüentemente procria na moradia ou local de trabalho das pessoas, pois sem a presença deste mosquito não ocorrerá a transmissão da dengue e da febre amarela urbana.
MEDIDAS DE CONTROLE MECÂNICO E ALTERNATIVO COM UTILIZAÇÃO DE PRODUTOS CASEIROS PARA EVITAR A CRIAÇÃO DE LARVAS DE AEDES AEGYPTI
O conjunto de recomendações, que constam a seguir, é de fácil execução, ou seja, são cuidados que podem e devem ser adotados pela população em suas residências e locais de trabalho para evitar a criação de larvas de Aedes aegypti. Os cuidados aqui recomendados foram elaborados pela SUCEN e contou com a experiência de seus funcionários e os das Secretarias Municipais de Saúde, especialmente daquelas que têm buscado mais insistentemente soluções para as diversas situações encontradas, restringindo substancialmente o uso de larvicidas no controle de criadouros.
Pratos sob vasos de plantas e flores c/ terra
Eliminar os pratos, principalmente os localizados na área externa do domicílio. Utilizar pratos justapostos. Substituir pratos, por outros menores justapostos, remanejando os já existentes. Furar os pratos. Adicionar areia nos pratos. Emborcar os pratos sob os vasos. Eliminar a água acumulada nos pratos depois de regar as plantas, e de preferência, também escovar ou lavar com bucha a superfície dos pratos e a parede externa dos vasos, para eliminar os ovos do mosquito nelas aderidos.
Os ovos do mosquito, mesmo ressecados, podem sobreviver por até 1 ano sem água, se neste período entrar em contato com água, o ciclo evolutivo recomeça.
Quando a fêmea do mosquito estiver contaminada com os vírus da dengue, ela transmite estes vírus também para os seus ovos e os mosquitos já nascerão com eles, iniciando-se novo ciclo de propagação da doença.
Técnica de utilização de areia grossa
Adicionar areia úmida no prato, em torno do vaso até a borda ou furo existente. Em caso de pratos com correntes, utilizar o mesmo procedimento, nivelando a areia no prato até a altura dos orifícios de sustentação da corrente.
Vasos de plantas e flores com água
Colocar a planta em vaso com terra. Lavar e guardar o antigo vaso emborcado, ou seco ao abrigo da chuva. Trocar a água 2 vezes por semana e, de preferência escovar ou lavar com bucha a parede interna dos vasos e lavar com água corrente as raízes das plantas. Floreiro, remover as flores e trocar a água 2 vezes por semana e, de preferência, lavar o vaso com bucha. Plantas em água para criar raiz, vedar a boca do vaso com algodão, tecido ou papel alumínio, ou trocar a água 2 vezes por semana e, de preferência, lavar o vaso com bucha.
Pingadeira
Eliminar as pingadeiras, principalmente as localizadas em área com piso frio ou terra. Adicionar areia até a borda. Colocar ½ colher (sopa) de sal, toda vez que esvaziar a pingadeira. Eliminar a água acumulada na pingadeira depois de regar as plantas, e de preferência escovar ou lavar com bucha a pingadeira.
Filtros ou Potes d' água
Mantê-los bem tampados com tampa própria, com pires ou pratos e, sempre que não ficarem bem vedados, cobri-los com um pano embaixo da tampa, pires ou prato.
Caixa d' água
Mantê-la sempre tampada ou pelo menos telada, confeccionada com tela de mosquiteiro ou tecido, enquanto estiver sendo providenciada a tampa, e de preferência realizar sua limpeza. Solicite informações de como realizar a limpeza da caixa d'água com o Agente de Saúde de sua cidade.
Tambor, bombona, barril e latão
Em períodos sem uso: emborcar bombonas, barris e latões. Os tambores devem de preferência ser guardados em local coberto e quando mantidos ao relento devem ficar emborcados e ao sol. Em períodos em uso: cobri-los com tampa ou "touca" (confeccionada com tela de mosquiteiro ou tecido) ou trocar a água 2 vezes por semana, escovar ou lavar com bucha as paredes do recipiente.
Bebedouro Reduzir o número de bebedouros.
Trocar a água 2 vezes por semana e de preferência escovar ou lavar com bucha o bebedouro, quando de tamanho pequeno. Colocar peixes larvófagos ou lavar e trocar a água 2 vezes por semana quando o bebedouro for de tamanho grande e/ou fixo.
Pneus
Guardá-los secos em local coberto. Quando precisarem permanecer ao relento, tratá-los com sal (1 copo cheio). Retirá-los do imóvel, entregando-os em pontos de coleta de pneus, ou agendando seu recolhimento pela Prefeitura Municipal. Furá-los, no mínimo em 6 pontos eqüidistantes, mantendo-os na posição vertical. Quando utilizados para balanço, é suficiente um único orifício no seu nível mais baixo.
Material Removível (latas, garrafas de vidro ou plástico, potes de iogurte, margarina ou maionese, cascas de coco, calçados e brinquedos velhos, etc.)
Colocá-los no cesto ou saco de lixo, para a coleta rotineira da Limpeza Pública. Garrafas de vidro retornáveis ou outras inclusive de plástico de utilidade para o responsável pelo imóvel deverão ser guardadas secas em local coberto e de preferência emborcadas ou tampadas. Se ao relento, deixá-las emborcadas ou tampadas, especialmente as de plástico.
Baldes ou bacias sem uso diário.
Mantê-los emborcados, de preferência em local coberto ou seco ao abrigo da chuva. Bandejas de Geladeira e de Aparelhos de Ar Condicionado, lavar a bandeja da geladeira 2 vezes por semana. Colocar mangueira para drenagem ou furar a bandeja do aparelho de ar condicionado.
Piscina
Em períodos de uso:
Efetuar o tratamento adequado incluindo cloro. Em períodos sem uso: Reduzir o máximo possível o volume d'água e aplicar água sanitária semanalmente, considerando o volume d'água que permaneceu. Para piscina sem sistema de filtragem de água, pode-se optar pela adição de sal não sendo necessário repetir o tratamento. Para obtenção das quantidades de água sanitária ou sal a ser adicionado por volume d'água, consultar as orientações no seguinte endereço eletrônico: www.sucen.sp.gov.br Lona para proteção da água ou segurança de piscina Instalar bóias (câmaras de ar de pneus) sob a lona, no centro da piscina, para facilitar o escoamento da água de chuva.
Piscina Infantil
Em períodos de uso: Lavar e trocar a água pelo menos semanalmente. Em períodos sem uso: Escovar ou lavar com bucha, desmontar e guardar em local coberto.
Vaso sanitário sem uso
Mantê-los sempre tampados. Caso não possua tampa, acionar a válvula 2 vezes por semana. Adicionar 2 colheres (sopa) de sal, sempre que for acionada a descarga. Caixa de descarga sem tampa e sem uso diário. Tampá-la com filme de polietileno. Acionar a descarga 2 vezes por semana. Plástico ou lona para cobrir equipamentos, peças e outros materiais. Cortar o excesso, de modo a permitir que o plástico ou a lona fique rente aos materiais cobertos, evitando sobras no solo/piso e, sempre que houver pontos de acúmulo de água, retirar o plástico ou lona e refazer a cobertura. Cobrir as bordas do plástico ou da lona com terra ou areia e, sempre que houver pontos de acúmulo de água, retirar o plástico ou a lona e refazer a cobertura
Cacos de vidro no muro
Quebrar os gargalos e fundos de garrafas e/ou colocar massa de cimento, nos locais que acumulem água.
Ocos de árvore e cercas de bambu
Cortar o bambu na altura do nó. Preencher os ocos com massa de cimento, terra ou areia.
Calhas
Mantê-las sempre limpas, desentupidas e sem pontos de acúmulo de água (limpeza periódica, poda de árvores, nivelamento adequado).
Lajes
Mantê-las sempre limpas, com os pontos de saída de água desentupidos, e sem depressões que permitam o acúmulo d'água (limpeza periódica, poda de árvores, nivelamento com massa de cimento ou temporariamente com areia).
Ralos para água de chuva (subsolo e áreas externas) com rebaixamento (caixa para acúmulo de areia).
Telá-los. Adicionar sal após cada chuva ou após escoamento de água de lavagem do local. Adicionar água sanitária, ou qualquer outro desinfetante, sabão em pó ou detergente semanalmente.
Ralo de esgoto sifonado sem uso diário.
Utilizar ralo com tampa "abre-fecha" nas áreas internas. Telá-lo ou tampá-lo com algum objeto. Adicionar água sanitária ou qualquer outro desinfetante (1/3 de copo), sabão em pó ou detergente semanalmente.
Caiaque e Canoa
Guardá-los secos em local coberto, ou caso precisem ficar ao relento, guardá-los virados para baixo.
Aquários
Mantê-los tampados ou telados ou com peixes larvófagos.
Copo de água do Santo
Tampar o copo com pano ou pires.
Bromélia
Substitua por outro tipo de planta que não acumule água. Enquanto essa providência não for adotada, regar abundantemente com mangueira sob pressão, duas vezes por semana.
Armadilha para formiga do tipo vasilhame com água
Completar a água da armadilha utilizando sempre água com sal (1/2 colher de sal para cada copo d'água)
Fosso de elevador (construção)
Esgotar a água, por bombeamento, pelo menos duas vezes por semana
Masseira (construção)
Furar lateralmente no seu ponto mais baixo quando em uso e desobstruir o orifício, sempre que necessário, ou quebrar a masseira eliminando suas laterais, quando em desuso.
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Fonte:
DENGUE E FEBRE AMARELA
Prof. Dr. Marcos Vinicius da Silva
Professor Associado do Departamento de Medicina da Faculdade de Ciências Médicas da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Campus Sorocaba.
Diretor da Divisão Científica do Instituto de Infectologia Emílio Ribas da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo.