A doença diarreica aguda (DDA) é uma síndrome causada por diferentes agentes etiológicos (bactérias, vírus e parasitos), cuja manifestação predominante é o aumento do número de evacuações, com fezes aquosas ou de pouca consistência. Em alguns casos, há presença de muco e sangue. Podem ser acompanhadas de náusea, vômito, febre e dor abdominal. No geral, é auto-limitada, com duração de 2 a 14 dias. As formas variam desde leves até graves, com desidratação e distúrbios eletrolíticos, principalmente quando associadas à desnutrição.
Criança doente |
ASPECTOS CLÍNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS
Descrição - Síndrome causada por vários agentes etiológicos (bactérias, vírus e parasitas), cuja manifestação predominante é o aumento do número de evacuações, com fezes aquosas ou de pouca consistência. Com freqüência, é acompanhada de vômito, febre e dor abdominal. Em alguns casos, há presença de muco e sangue. No geral, é autolimitada, com duração entre 2 a 14 dias. As formas variam desde leves até graves, com desidratação e distúrbios eletrolíticos, principalmente quando associadas à desnutrição.
Dependendo do agente, as manifestações podem ser decorrentes de mecanismo secretório provocado por toxinas ou pela colonização e multiplicação do agente na parede intestinal, levando à lesão epitelial e, até mesmo, à bacteremia ou septicemia. Alguns agentes podem produzir toxinas e, ao mesmo tempo, invasão e ulceração do epitélio.
Os vírus produzem diarreia autolimitada, só havendo complicações quando o estado nutricional está comprometido.
Os parasitas podem ser encontrados isolados ou associados (poliparasitismo) e a manifestação diarreica pode ser aguda, intermitente ou não ocorrer.
Agentes etiológicos
• Bactérias - Staphyloccocus aureus, Campylobacter jejuni, Escherichia coli enterotoxigênica, Escherichia coli enteropatogênica, Escherichia coli enteroinvasiva, Escherichia coli enterohemorrágica, salmonelas, Shigella dysenteriae, Yersinia enterocolítica, Vibrio cholerae e outras.
• Vírus - Astrovírus, calicivírus, adenovírus entérico, norovírus, rotavírus grupos A, B e C e outros
• Parasitas - Entamoeba histolytica, Cryptosporidium, Balantidium coli, Giardia lamblia, Isospora belli e outras.
Reservatório, modo de transmissão, período de incubação e transmissibilidade, específicos para cada agente etiológico.
Complicações - Em geral, são decorrentes da desidratação e do desequilíbrio hidreletrolítico. Quando não tratadas adequada e precocemente, podem levar a óbito. Nos casos crônicos ou com episódios repetidos, acarretam desnutrição crônica, com retardo do desenvolvimento estato-ponderal.
Diagnóstico
- Laboratorial, por exames parasitológicos de fezes e
culturas de bactérias e vírus ou diagnóstico clínico-epidemiológico.
Diagnóstico diferencial - Em geral, realizado entre os agentes causadores
das diarreias, através de exames específicos. Quando ocorrem
vários casos associados entre si (surto), para o diagnóstico etiológico
de um ou mais casos ou da fonte de infecção, utiliza-se também o
critério clínico-epidemiológico.
Tratamento - A terapêutica indicada é a hidratação oral, através do
sal de reidratação oral (SRO), que simplificou o tratamento e vem
contribuindo significativamente para a diminuição da mortalidade
por diarreias. O esquema de tratamento independe do diagnóstico
etiológico, já que o objetivo da terapêutica é reidratar ou evitar a desidratação.
O esquema terapêutico não é rígido, administrando-se líquidos e o SRO de acordo com as perdas. Se houver sinais e sintomas
de desidratação, administrar soro de reidratação oral, de acordo com
a sede. Inicialmente, a criança de até 12 meses deve receber de 50 a
100ml e aquelas acima de 12 meses, 100 a 200ml. Após a avaliação,
recomenda-se o aumento da ingestão de líquidos como soro caseiro,
sopas e sucos não laxantes. Manter a alimentação habitual, em especial
o leite materno, e corrigir eventuais erros alimentares. Persistindo
os sinais e sintomas de desidratação e se o paciente vomitar, deve-se
reduzir o volume e aumentar a freqüência da administração. Manter
a criança na unidade de saúde até a reidratação. O uso de sonda nasogástrica
(SNG) é indicado apenas em casos de perda de peso após
as duas primeiras horas de tratamento oral, com vômitos persistentes,
distensão abdominal e ruídos hidroaéreos presentes ou dificuldade
de ingestão. Nesses casos, administrar 20 a 30ml/kg/hora de SRO. A
hidratação parenteral só é indicada quando houver alteração da consciência,
vômitos persistentes, mesmo com uso de sonda nasogástrica,
presença de íleo paralítico e nos casos em que a criança não ganha ou
perde peso com a hidratação por SNG. Os antimicrobianos devem ser
utilizados apenas na disenteria e casos graves de cólera (vide capítulo
específico). Quando há identificação de trofozoítos de G. lamblia
(15mg/kg/dia) ou E. hystolitica (30mg/kg/dia) é recomendado o Metronidazol,
dividido em 3 doses, por 5 dias.
Características epidemiológicas
- Importante causa de morbimortalidade
no Brasil e em países subdesenvolvidos. Têm incidência
elevada e os episódios são freqüentes na infância, particularmente em
áreas com precárias condições de saneamento. O SRO diminui a letalidade
por essas doenças, mas a morbidade ainda é importante causa
de desnutrição e do retardo de crescimento.
VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA
Objetivos - Monitorar a incidência das diarreias, visando atuar em
situações de surtos, e manter contínuas atividades de educação em
saúde com o propósito de diminuir sua incidência e letalidade.
Notificação - Não é doença de notificação compulsória, em virtude
de sua elevada freqüência. A vigilância é feita pela monitorização das
doenças diarreicas agudas, que consiste no registro de dados mínimos
dos doentes (residência, idade, plano de tratamento) em unidades de
saúde.
Definição de caso - Indivíduo que apresentar fezes cuja consistência
revele aumento do conteúdo líquido (pastosas, aquosas), com
maior número de dejeções diárias e duração inferior a 2 semanas.
MEDIDAS DE CONTROLE
Melhoria da qualidade da água, destino adequado de lixo e dejetos,
controle de vetores, higiene pessoal e alimentar. Educação em saúde,
particularmente em áreas de elevada incidência. Locais de uso coletivo,
tais como escolas, creches, hospitais, penitenciárias, que podem
apresentar riscos maximizados quando as condições sanitárias não são
adequadas, devem ser alvo de orientações e campanhas específicas.
Ocorrências em crianças de creches devem ser seguidas de precauções
entéricas, além de reforçadas as orientações às manipuladoras e às
mães. Considerando a importância das causas alimentares nas diarreias
das crianças pequenas, é fundamental o incentivo à prorrogação
do tempo de aleitamento materno, comprovadamente uma prática
que confere elevada proteção a esse grupo populacional.
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Fonte;
MS Brasil