A primeira explosão epidêmica de febre amarela na América do Sul
aconteceu em Pernambuco e teve começo precisamente no dia 28 de novembro
de 1685. Segundo o testemunho do mesmo contemporâneo que
registou a data, em menos de um mês houve cerca de 600 mortes nos dois
pequenos bairros que então constituíam o núcleo populacional aglomerado
em função do porto, e que eram as ilhas do Recife e de Santo Antônio. Sete
anos depois, a custa de recrudescimentos epidêmicos que sempre se seguiam
à chegada das frotas ultramarinas, já o médico João Ferreyra da Rosa estimava
em seu Tratado 352.000 casos fatais, numa população urbana que, embora
em aumento contínuo,levaria ainda uns quinze anos antes de vir a somar
perto de 10.000 almas.
Uma curiosa seletividade foi desde os primeiros dias assinalada por PIMENTA: as vítimas da pestilência eram "todos homens brancos, obra de uma dúzia de mulatos ( ... , poucos negros". Desde os primeiros anos da colônia o designativo de "negros" aplicava-se indiferentemente aos ameríndios e aos africanos, embora estes últimos não tenham começado a ser trazidos para os trabalhos dos engenhos de açúcar senão depois que o primeiro donatário da Capitania de Pernambuco, Duarte Coelho, pediu licença em 1539 ao rei de Portugal para importar escravos da Guiné. A imunidade dos aborígines, como a dos africanos, era tamanha em contraste com a alta letalidade do efetivo europeu, que ainda segundo ROSA chegou-se a recear um levante de indígenas em escala regional.
RESUMO
O primeiro surto de febre amarela no Recife ocorreu por volta de 1685. Estas epidemias sempre aconteciam após a chegada das frotas ultramarinas, sendo suas vítimas, na quase totalidade, constituídas por homens brancos. Sabe-se hoje que a imunidade do aborígene e do negro, em contraste com a vulnerabilidade do branco, não é uma questão ética natural e sim adquirida. Após realizações de pesquisas imunológicas, chegou-se à conclusão de que a febre amarela era, pré-historicamente, endêmica tanto na África Ocidental como na América Central e Brasil, do que teria resultado a resistência dos negros e ameríndios. No entanto as tardias manifestações da febre amarela no Recife, Salvador, etc., aparecendo mais de um século após a chegada de europeu, explicam-se, em primeiro lugar, pelo fato de que o Aedes Aegypti é um mosquito nativo da África; e em segundo que “os males” configuraram surtos de febre amarela urbana, causada por esse mosquito, o transmissor exclusivo na América. Chegou-se à conclusão de que a epidemia de 1685 tinha ocorrido em conseqüência do desembarque dos pernilongos de embarcações vindas de São Tomé.
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História Fonte:
Periódicos da Fundaj ,
Origem da Febre Amarela Urbana na América do SulGilberto Osório de Andrade