O fenómeno deste jogo aproveita-se (e deturpa) uma das maiores vantagens da internet: ser um espaço de comunicação livre
Estima-se que cerca de 90% do tráfego de informação na internet ocorra de uma forma que os motores de busca, como o Google, não apanham. É a chamada Deep Web, onde estão desde as bases de dados do Estado aos filmes do Netflix, por exemplo. A Net tem uma camada ainda mais "profunda": a Dark Web, onde se encontram sites relacionados com atividades ilegais, do tráfico de droga ao terrorismo. Mas um dos mais insidiosos fenómenos atuais na internet não se passa nestes mundos "subterrâneos". Pelo contrário. O jogo online Baleia Azul, que leva jovens ao suicídio, ocorre nas normalíssimas redes sociais, em grupos de "amigos", e através dos mesmos sistemas de mensagens que qualquer um utiliza diariamente para falar com quem mais gosta.
Não fosse o fenómeno tão dramático e repulsivo e até se poderia dizer que era genial. O Baleia Azul utiliza para fins malévolos as características definidoras da chamada Internet 2.0: a livre comunicação e criação de conteúdos online.O que cria um problema acrescido aos pais e outros responsáveis pelos jovens que entram no esquema. Não há software de controlo parental ou filtros de navegação na web que possam ajudar. Para participar, basta um computador ou smartphone, acesso à internet e... a falta de um mínimo de supervisão.
O Facebook é até normalmente lesto a agir perante situações que vão contra as suas regras. Mas em casos como o do Baleia Azul, fecha-se um destes grupos e logo surge outro semelhante.
A polícia tem igualmente enormes dificuldades em encontrar quem está por trás destes "jogos". Mascarar um endereço de ip (o "número" que identifica a ligação de um computador à internet) é a coisa mais fácil do mundo (pesquise no Google "como esconder o meu ip" e veja só a primeira meia dúzia dos 250 mil resultados) e os criminosos podem estar em qualquer lugar do mundo.
A primeira e última linha de defesa são, assim, os pais. Estes têm hoje em dia o desafio acrescido de se manterem tecnologicamente atualizados para conseguirem acompanhar os filhos nas suas atividades online. Mas há uma coisa que não mudou com os tempos: dê-se-lhes, desde a infância, as ferramentas para que eles se protejam a si mesmos e não há "baleias" que os apanhem.
Autor
Ricardo Simões Ferreira
Baleia Azul : O lado negro da net não está só na Dark Web
Reviewed by
Mário Augusto on
29 Abril .
O fenómeno deste jogo aproveita-se (e deturpa) uma das maiores vantagens da internet: ser um espaço de comunicação livre
"Não fosse o fenómeno tão dramático e repulsivo e até se poderia dizer que era genial. O Baleia Azul utiliza para fins malévolos as características definidoras da chamada Internet 2. ", .
Rating:
2